A epilepsia não é uma doença única, mas sim um conjunto de perturbações recorrentes da bioeletrogênese cerebral, em que se verifica um desequilíbrio nos processos excitatórios e inibitórios da transmissão sináptica. É uma síndrome neurológica comum, com alta prevalência mundial, estimada em 0,5 a 2% da população em geral105. Crises de epilepsia podem ser provocadas por qualquer condição que afete o córtex cerebral ou hipocampo. Pode ser consequência de anomalias congênitas, infecções, tumores, doenças vasculares, doenças neurodegenerativas ou lesões traumáticas. No entanto, em um número expressivo destes pacientes nenhuma anormalidade é detectada nos métodos diagnósticos ora disponíveis. Um terço dos pacientes ainda é considerado refratário e não consegue obter o controle das crises mesmo após o uso de duas ou mais drogas antiepilépticas adequadamente prescritas. Por participar de diferentes cascatas de eventos na epileptogênese, o Sistema Endocanabinoide (SEC) é um alvo terapêutico promissor no tratamento das epilepsias. Centenas de estudos metodologicamente qualificados examinaram diretamente os efeitos induzidos pelo SEC e pelos derivados canabinoides, em especial, o canabidiol, na epilepsia, incluindo vários ECRs duplo-cegos. Existe, portanto, uma base científica consistente com a qual é possível tomar decisões cuidadosas sobre a indicação de derivados de canabinoides na epilepsia refratária e de difícil controle.

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