Os benefícios do Canabidiol para sua saúde

Publicado em 13/06/24 | Atualizado em 16/07/24 Leitura: 10 minutos

Canabidiol (CBD)Canabinoides

O canabidiol (CBD), um dos fitocanabinoides mais promissores da planta Cannabis sativa, tem se consolidado como um elemento valioso na medicina contemporânea. A ausência de efeitos psicotrópicos e seu alto perfil de segurança tornam o CBD uma opção atraente para médicos e pacientes em busca de alternativas terapêuticas eficazes para problemas crônicos  e refratários de saúde. À medida que as pesquisas avançam, novas aplicações e benefícios do CBD continuam a emergir, solidificando seu papel como um componente essencial na prática médica moderna. Neste post, abordaremos os diversos benefícios do canabidiol para a saúde dos seus pacientes.

Benefícios Terapêuticos do Canabidiol

O CBD é um composto com ampla aplicabilidade terapêutica, sustentado por um crescente corpo de evidências científicas. As suas propriedades anti-inflamatórias, analgésicas, ansiolíticas e anticonvulsivantes são as principais razões pelas quais ele é cada vez mais utilizado na prática clínica. Vejamos em detalhe esses benefícios:

Alívio da Dor

O canabidiol (CBD) tem se destacado como uma terapia promissora no manejo de diversas formas de dor crônica, como dor neuropática e fibromialgia. Estudos indicam que o CBD exerce seus efeitos analgésicos por meio da modulação dos receptores canabinoides e da interação com neurotransmissores, resultando em uma redução significativa da percepção da dor. Em modelos animais e ensaios clínicos, o CBD tem demonstrado habilidade para atenuar tanto a inflamação quanto a dor, frequentemente superando tratamentos convencionais em termos de eficácia e perfil de segurança.¹

No contexto do manejo da dor neuropática e da fibromialgia, o CBD tem evidenciado resultados evidentes. Estudos clínicos revelam que pacientes frequentemente relatam uma redução substancial da dor e uma melhora na qualidade de vida ao incorporar o CBD em seus regimes terapêuticos. Em comparação com agentes farmacológicos convencionais para dor neuropática, formulações de Cannabis, especialmente aquelas com uma proporção de CBD e THC de 1:1, têm demonstrado eficácia superior, ultrapassando fármacos como duloxetina, gabapentinoides, amitriptilina, tramadol, ibuprofeno, metadona e oxicodona.¹

Além disso, o CBD exibe potencial para reduzir tanto a frequência quanto a intensidade das crises de enxaqueca, possivelmente pela modulação do sistema endocanabinoide. Estudos sugerem que o CBD promove equilíbrio nos níveis de neurotransmissores e reduz a inflamação, aliviando os sintomas associados à enxaqueca. Formulações orais de canabinoides, como FM2®, Bedrocan® e Bediol®, têm demonstrado eficácia no tratamento da enxaqueca crônica. Pacientes submetidos a essas terapias relataram significativa redução na intensidade da dor ao longo de um período de seis meses.²

Essas evidências destacam o CBD como uma opção terapêutica promissora no controle da dor, especialmente quando as terapias convencionais se mostram ineficazes ou causam efeitos colaterais indesejados. Com seu perfil de segurança bem estabelecido e baixa incidência de efeitos adversos, o CBD emerge como uma alternativa segura e eficaz para pacientes que buscam alívio da dor.

Redução da Inflamação

A capacidade do CBD de reduzir a inflamação é particularmente relevante em condições autoimunes e inflamatórias, como artrite reumatoide e doença inflamatória intestinal. Estudos científicos têm demonstrado que o CBD exerce seus efeitos anti-inflamatórios através de diversos mecanismos biológicos complexos. Uma de suas principais ações é a inibição da produção de citocinas pró-inflamatórias, moléculas que desempenham um papel crucial na resposta inflamatória do organismo, modulando a cascata inflamatória e, assim, reduzindo a inflamação. Além disso, o CBD também estimula a ativação de vias anti-inflamatórias, que contribuem para atenuar a resposta inflamatória e restaurar o equilíbrio imunológico.³

Essas descobertas sobre o potencial terapêutico do CBD são de suma importância, especialmente considerando o desafio representado pelas condições inflamatórias e autoimunes na saúde dos pacientes. As terapias anti-inflamatórias convencionais apresentam uma série de efeitos colaterais significativos. Os AINES podem causar úlceras gástricas, sangramentos gastrointestinais, problemas renais e aumentar o risco de eventos cardiovasculares. Os corticosteroides, por sua vez, estão associados a ganho de peso, osteoporose, hipertensão, diabetes e supressão do sistema imunológico.  Essas limitações frequentemente resultam em riscos consideráveis para a saúde dos pacientes e não proporcionam alívio completo dos sintomas inflamatórios. Muitos pacientes não respondem adequadamente ou desenvolvem tolerância a essas medicações, necessitando de alternativas eficazes com menos efeitos adversos. Nesse contexto, o CBD surge como uma alternativa promissora, ao modular a resposta imunológica e atenuar a inflamação de maneira precisa e multifacetada.

Controle do Humor

O canabidiol revela um notável potencial ansiolítico e antidepressivo, cuja eficácia é fundamentada em sua complexa interação com o sistema endocanabinoide e os receptores serotoninérgicos, particularmente o receptor 5-HT1A, essencial na modulação do humor e da ansiedade. Ele também regula a atividade da amígdala, uma estrutura cerebral associada ao processamento de emoções intensas, como o medo e a ansiedade4. Estudos clínicos e pré-clínicos corroboram a capacidade do CBD em reduzir de maneira substancial os sintomas de ansiedade e depressão, oferecendo uma opção terapêutica robusta e segura em comparação com as terapias convencionais, frequentemente marcadas por efeitos colaterais indesejáveis.

Os transtornos de ansiedade e depressão representam desafios significativos para a saúde global, afetando milhões de pessoas em todo o mundo. As terapias convencionais, como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS) e benzodiazepínicos (BZD), frequentemente enfrentam limitações, como eficácia limitada e efeitos adversos significativos. Nesse contexto, o canabidiol emerge como um potencial ansiolítico e antidepressivo, influenciando diretamente o sistema serotoninérgico e GABAérgico5. O diferencial do CBD em relação aos tratamentos convencionais reside em sua capacidade de aliviar os sintomas com poucos efeitos colaterais indesejáveis, muitas vezes associados aos medicamentos tradicionais, oferecendo uma alternativa segura e eficaz no manejo desses transtornos do humor.

Neuroproteção

O canabidiol desempenha um papel crucial na neuroproteção, apresentando-se como uma promissora abordagem terapêutica para uma variedade de distúrbios neurológicos. Sua capacidade de promover a neurogênese, isto é, o processo de formação de novos neurônios no cérebro, pode desempenhar um papel fundamental na recuperação de lesões cerebrais e na preservação da função cognitiva ao longo do tempo. Embora os mecanismos exatos pelos quais o CBD exerce esses efeitos ainda não estejam completamente elucidados, evidências indicam que eles envolvem múltiplos alvos farmacológicos. Estudos sugerem que o CBD interage com receptores específicos no cérebro, incluindo os receptores de canabinoides e outros sistemas de sinalização, modulando assim a função cerebral de maneira complexa e multifacetada.6

Em doenças neurodegenerativas como Parkinson e esclerose múltipla, o CBD demonstra efeitos neuroprotetores significativos. Estudos revelam sua capacidade de proteger as células neuronais contra danos e morte celular, além de reduzir a inflamação cerebral, processos cruciais em condições onde a neurodegeneração é progressiva7. Essa capacidade não apenas sugere o potencial para retardar a progressão da doença, mas também para melhorar a qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, o CBD destaca-se no controle de epilepsias graves e refratárias, tais como a síndrome de Dravet, a síndrome de Lennox-Gastaut e o Complexo da Esclerose Tuberosa8. Estudos clínicos randomizados e controlados têm corroborado sua segurança e eficácia ao reduzir de maneira significativa a frequência das convulsões em pacientes com epilepsia resistente aos tratamentos convencionais. Em uma pesquisa multicêntrica envolvendo pacientes com essa síndrome, o CBD demonstrou uma redução expressiva na ocorrência de convulsões ao longo de um período de tratamento de 14 semanas8.

Melhora do Metabolismo

O CBD emerge como uma ferramenta promissora no enfrentamento dos desafios complexos da síndrome plurimetabólica. O CBD e outros elementos da cannabis interagem de forma inteligente com o sistema endocanabinoide, desempenhando um papel essencial na regulação do metabolismo, da inflamação e do equilíbrio energético. Ao influenciar os receptores desse sistema, os fitocanabinoides têm a capacidade de modular processos metabólicos e inflamatórios, fundamentais nessa síndrome.

A inflamação crônica desempenha um papel crucial na síndrome plurimetabólica. Os fitocanabinoides, devido à sua propriedade anti-inflamatória, têm o potencial de melhorar significativamente a saúde cardiovascular e metabólica. Além disso, estudos recentes indicam que o CBD pode afetar positivamente a sensibilidade à insulina e influenciar processos metabólicos, incluindo a regulação da glicose. Um estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade de Ciências Médicas de Tabriz, no Irã, investigou os efeitos do uso de cannabis medicinal na prevenção do diabetes tipo 2, apontando para o potencial efeito protetor do uso de cannabis na prevenção e desenvolvimento dessa patologia9.

Conclusão

O canabidiol oferece uma ampla variedade de benefícios terapêuticos e está se tornando cada vez mais difundido como uma opção para tratar várias condições médicas, desde dores crônicas até transtornos neurológicos e psiquiátricos. É fundamental que os médicos estejam atualizados sobre as descobertas mais recentes e as novas aplicações do CBD. Plataformas como a WeCann desempenham um papel fundamental ao fornecer informações atualizadas e baseadas em evidências científicas sobre o CBD e outras terapias relacionadas à cannabis, capacitando os médicos a tomarem decisões informadas e cientificamente embasadas para o melhor cuidado de seus pacientes.

Referências: 

  1. NUTT, D. J. et al. A Multicriteria Decision Analysis Comparing Pharmacotherapy for Chronic Neuropathic Pain, Including Cannabinoids and Cannabis-Based Medical Products. *Cannabis and Cannabinoid Research*, [S.l.], v. 6, n. 2, p. 153-167, 2021. DOI: 10.1089/can.2020.0129.
  2. BARALDI, C.; LO CASTRO, F.; NEGRO, A.; FERRARI, A.; CAINAZZO, M. M.; PANI, L.; GUERZONI, S. Oral Cannabinoid Preparations for the Treatment of Chronic Migraine: A Retrospective Study. *Pain Medicine*, [S.l.], 2021. DOI: 10.1093/pm/pnab245.
  3. Booz GW. Cannabidiol as an emergent therapeutic strategy for lessening the impact of inflammation on oxidative stress. Free Radic Biol Med. 2011 Sep 1;51(5):1054-61. doi: 10.1016/j.freeradbiomed.2011.01.007. Epub 2011 Jan 14. PMID: 21238581; PMCID: PMC3085542.
  4. Papagianni, E. P., & Stevenson, C. W. (2019). Cannabinoid Regulation of Fear and Anxiety: an Update. *Curr Psychiatry Rep*, 21(6), 38. DOI: 10.1007/s11920-019-1026-z.
  5. Blessing, Esther M., et al. “Cannabidiol as a potential treatment for anxiety disorders.” Neurotherapeutics 12.4 (2015): 825-836. DOI: 10.1007/s13311-015-0387-1
  6. Campos AC, Fogaça MV, Sonego AB, Guimarães FS. Cannabidiol, neuroprotection and neuropsychiatric disorders. Pharmacol Res. 2016 Oct;112:119-127. doi: 10.1016/j.phrs.2016.01.033. Epub 2016 Feb 1. PMID: 26845349.
  7. Pérez-Olives, C., Rivas-Santisteban, R., Lillo, J., Navarro, G., & Franco, R. (2022). Recent Advances in the Potential of Cannabinoids for Neuroprotection in Alzheimer’s, Parkinson’s, and Huntington’s Diseases. *PMID: 33332005*. DOI: 10.1007/978-3-030-57369-0_6.
  8. Devinsky, Orrin, et al. “Trial of cannabidiol for drug-resistant seizures in the Dravet syndrome.” New England Journal of Medicine 376.21 (2017): 2011-2020. DOI: 10.1056/NEJMoa1611618
  9. Mousavi SE, Tondro Anamag F, Sanaie S. Association between cannabis use and risk of diabetes mellitus type 2: A systematic review and meta-analysis. Phytother Res. 2023 Nov;37(11):5092-5108. doi: 10.1002/ptr.7973. Epub 2023 Aug 1. PMID: 37526051.
Esse texto foi elaborado pelo time de experts da WeCann, baseado nas evidências científicas partilhadas nas referências e, amparado na ampla experiência prescritiva dos profissionais.

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