Os efeitos da Cannabis medicinal para o bem-estar e qualidade de vida do paciente estão totalmente alinhados aos princípios da Medicina Integrativa.
Pesquisas científicas evidenciam que o Sistema Endocanabinoide está envolvido em diversas funções fisiológicas, como controle do apetite, balanço energético, neuroproteção, modulação da dor, respostas inflamatórias e imunológicas.
Neste conteúdo, vamos trazer as principais evidências sobre a Cannabis medicinal nestes cenários, avaliando a interação dos derivados canabinoides com a atividade física, o sistema cardiovascular, o sistema endócrino e a saúde imunológica e nutricional. Continue a leitura e conheça o que já sabemos cientificamente sobre essas conexões.
Cannabis medicinal e bem-estar
A sensação de bem-estar inclui o equilíbrio da combinação de componentes emocionais e físicos, como níveis de ansiedade, dor, disposição, felicidade e satisfação com a vida. Esses componentes podem ser avaliados com medidas de autorrelato, a exemplo dos critérios de Afeto Positivo e Negativo, em escalas de pesquisa como a Escala de Satisfação com a Vida.
Não à toa, a maioria das pesquisas que relacionam Cannabis medicinal e bem-estar se concentra em estudos sobre depressão, ansiedade e outras psicopatologias. Os fitocanabinoides CBD e THC reúnem propriedades ansiolíticas e antidepressivas, ao estimular diversos receptores, dentre eles, receptores serotoninérgicos, capazes de trazer sensação de bem-estar e mais qualidade de vida aos pacientes que se encontram nesses quadros clínicos.
É o que mostra, por exemplo, este estudo do Departamento de Psicologia da Universidade da Colúmbia Britânica, que reúne pesquisas evidenciando o potencial da Cannabis na autogestão de quadros de ansiedade e depressão.
Os achados abrangem também, a minimização de psicopatologias associadas à dor crônica, sugerindo o aumento de percepções positivas e a diminuição de experiências negativas relacionados a esse contexto clínico.
>> Leia a pesquisa completa em: Cannabis Use and Well-Being.
Cannabis medicinal na Medicina Integrativa
Confira exemplos mais específicos do que já sabemos cientificamente sobre as conexões entre derivados canabinoides e práticas terapêuticas da Medicina Integrativa em diferentes contextos.
Bem-estar e atividade física
Achados científicos sugerem que a atividade física pode estimular o Sistema Endocanabinoide (SEC) na abordagem preventiva e terapêutica de transtornos neurológicos. O desequilíbrio do SEC desempenha papel crucial no desenvolvimento e progressão de doenças neurodegenerativas e os elementos químicos da Cannabis têm o potencial de restabelecer a homeostase dos diferentes órgãos e tecidos, incluindo sistema nervoso central e periférico.
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Existe uma estreita correlação entre a sinalização de substâncias endocanabinoides e diferentes aspectos fisiológicos cerebrais, como memória e neurogênese. Este estudo, por exemplo, correlacionou a prática de atividade física com o aumento de concentrações séricas de substâncias endocanabinoides, e o potencial de aplicação como uma abordagem terapêutica no manejo de doenças neurológicas.
Os resultados indicam o aumento da expressão de receptores CB1 no cérebro, resultando em efeitos neurológicos positivos, incluindo efeitos antidepressivos, melhorias na memória, neuroplasticidade e redução de neuroinflamação. A ativação do SEC através da atividade física suprimiu a inflamação e o estresse oxidativo no tecido neuronal, sinalizando e modulando também, a função linfocitária.
>> Leia o estudo completo em: Can Physical Activity Support the Endocannabinoid System in the Preventive and Therapeutic Approach to Neurological Disorders?
Sistema cardiovascular
Os efeitos cardiovasculares da Cannabis medicinal ainda não foram extensivamente explorados cientificamente. No entanto, é algo consensual na literatura, que o uso recreativo / adulto de Cannabis fumo pode causar arritmias, incluindo taquicardia ventricular e potencialmente morte súbita, aumentando o risco de infarto do miocárdio.
Por outro lado, em um contexto de uso medicinal através de prescrições assertivas, os efeitos anti-hipertensivo, hipoglicemiante e inibidor de apetite são promissores em bem-vindos em síndromes plurimetabólicas.
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Alguns estudos pré-clínicos e clínicos sugerem os possíveis efeitos cardiovasculares da planta. Um exemplo é esta pesquisa que investiga os efeitos da administração de óleo de Cannabis na aterosclerose (AS), em especial, o potencial antioxidante e antiinflamatório, bem como, o impacto no perfil sérico lipídico e na integridade das células endoteliais.
No experimento, camundongos foram alimentados com uma dieta rica em gorduras e receberam óleo de Cannabis durante 8 semanas. Os resultados mostram que a administração de Cannabis oral reduziu os níveis de triglicerídeos séricos e colesterol de lipoproteína de baixa densidade na 6a semana da testagem.
Observou-se também, uma diminuição no fator de necrose tumoral α e óxido nítrico. Os resultados apontam que a administração do óleo de cannabis exerce efeitos anti-ateroscleróticos, melhorando a integridade das células endoteliais e reduzindo a deposição de lipídios arteriais. Os resultados proporcionam uma estratégia preventiva promissora para a aterosclerose.
>> Veja o experimento completo em: Cannabis Seed Oil Alleviates Experimental Atherosclerosis by Ameliorating Vascular Inflammation in Apolipoprotein-E-Deficient Mice.
Saúde imunológica
Diversos estudos atestam o potencial imunomodulatório dos receptores e substâncias canabinoides. Um exemplo é esta pesquisa a qual sugere que canabinoides endógenos como a anandamida (AEA) desempenham um papel fundamental na manutenção da saúde imunológica no intestino.
O sistema imunológico do intestino ativamente tolera antígenos estranhos à microbiota local através de mecanismos que são apenas parcialmente compreendidos pela Ciência. A pesquisa em questão, mostra que a AEA contribui para a homeostase desse processo, estimulando macrófagos imunossupressores.
>> Leia a pesquisa completa em: Endocannabinoid system acts as a regulator of immune homeostasis in the gut.
Outro exemplo da atuação do SEC na regulação do sistema imune é esta revisão bibliográfica que correlaciona o uso da Cannabis medicinal ao alívio dos sintomas associados à infecção pelo HIV. A infecção crônica por HIV leva a alterações no microbioma intestinal, na sinalização do eixo cérebro-intestino, acentuando processos inflamatórios crônicos.
Diversos trabalhos mostram que a desregulação do eixo cérebro-intestino pode resultar em neuroinflamação e neurodegeneração. As propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias dos fitocanabinoides podem apoiar a restauração do eixo cérebro-intestino, reduzindo os efeitos negativos das comorbidades associadas ao HIV.
>> Leia a revisão completa em: Cannabis and the Gut-Brain Axis Communication in HIV Infection.
Sistema Endócrino
Sabemos que o número crescente de doenças relacionadas à resistência à insulina e à obesidade é uma importante questão de saúde pública. Esses estados podem levar ao desenvolvimento de diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Diversas pesquisas científicas já sugerem o potencial dos fitocanabinoides neste contexto, especialmente o canabidiol (CBD).
Esta revisão bibliográfica, por exemplo, contempla estudos que evidenciam as propriedades anti-inflamatórias, antioxidantes, antitumorais e neuroprotetoras do CBD, bem como seu potencial no controle da obesidade.
>> Leia a revisão completa em: Phytocannabinoids: Useful Drugs for the Treatment of Obesity? Special Focus on Cannabidiol.
Além do CBD, outros fitocanabinoides como a Tetracanabivarina (THCV) têm se destacado por sua atuação no controle glicêmico, metabolismo da glicose e gasto metabólico.
>> Confira mais em:Δ9-Tetrahydrocannabivarin (THCV): a commentary on potential therapeutic benefit for the management of obesity and diabetes
Saúde Nutricional
As pesquisas científicas sugerem ainda que o óleo de Cannabis é uma fonte abundante e equilibrada de ácidos graxos poliinsaturados. Esta revisão bibliográfica abrange estudos que sustentam as propriedades terapêuticas da Cannabis quando consumida como alimento ou suplemento alimentar.
Os estudos sugerem ações distintas, porém complementares, do CBD e THC. Através dos receptores canabinoides (CB1 e CB2), receptores de adenosina (A2A) e receptores vaniloides (TRPV1), esses fitocanabinoides são capazes de modular também, o metabolismo dos ácidos graxos essenciais , através de uma ampla variedade de mediadores lipídicos capazes de reduzir a inflamação e o estresse oxidativo.
>> Leia a revisão completa em: A Review of Hemp as Food and Nutritional Supplement.
Embora haja numerosas evidências científicas quanto aos atributos da Cannabis na Medicina Integrativa, a prática prescritiva segura e assertiva exige educação qualificada na área, para individualizar o tratamento, potencializar resultados terapêuticos e modular possíveis efeitos adversos.
A WeCann Academy é comprometida com a sua jornada de aprendizado, proporcionando conhecimento disruptivo aos médicos que desejam se preparar para a esta nova fronteira da Medicina, através da Certificação Internacional em Medicina Endocanabinoide.
Conectamos especialistas de várias partes do mundo em uma comunidade global de pesquisa e estudos em Sistema Endocanabinoide para interligar conhecimento científico e experiência prática no uso medicinal da Cannabis.
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