Cannabis Medicinal na terceira idade: entenda o potencial terapêutico em idosos

 

Dores crônicas, processos inflamatórios e transtornos neuropsiquiátricos são exemplos de condições que comumente associamos ao envelhecimento. Embora essas condições não sejam exclusivas dos idosos, existe uma estreita relação entre o avanço da idade e o desequilíbrio no Sistema Endocanabinoide, que pode facilitar o aparecimento e progressão dessas doenças. Por isso, destacamos o potencial terapêutico dos medicamentos à base de Cannabis na terceira idade.

É fato que a produção de endocanabinoides e receptores endocanabinoides no nosso organismo diminui à medida que envelhecemos. Considerando que o Sistema Endocanabinoide é um dos principais responsáveis por manter a homeostase do corpo humano, é natural que os idosos sejam mais suscetíveis ao desenvolvimento e progressão de doenças.

Nesse sentido, o uso medicinal da Cannabis na terceira idade pode trazer resultados promissores na prevenção e no controle de diversas enfermidades. Entenda o processo e conheça as possibilidades de tratamento, a seguir.

 

O Sistema Endocanabinoide na terceira idade

Como sabemos, a interação dos receptores endocanabinoides com seus principais ligantes regula e modula uma série de atividades fisiológicas. Entre elas, destacamos os processos inflamatórios, o apetite e o trânsito gastro-intestinal, o ciclo sono-vigília, a plasticidade neuronal e os processos relacionados à memória. O comprometimento de algumas dessas funções, que naturalmente tende a ser agravado pela idade, pode ser explicado pela mudança de performance e tônus do Sistema Endocanabinoide nos idosos.

Tanto é que pesquisas científicas já apontam a existência de uma relação inversa entre envelhecimento e componentes do Sistema Endocanabinoide: quanto mais envelhecemos, menos substâncias endocanabinoides nosso organismo produz, assim como também é menor a quantidade dos receptores endocanabinoides que seriam ativados por esses ligantes na intenção de equilibrar diversas de nossas funções vitais.

Nesse raciocínio, podemos dizer que os baixos níveis de endocanabinoides em idosos os deixam mais suscetíveis a várias doenças. 

Diversas pesquisas demonstram com clareza a relação entre deficiência de substâncias endocanabioides e o desenvolvimento e/ou progressão de doenças. Esse trabalho de Ethan Russo revela com propriedade, que pessoas com baixos níveis de endocanabinoides anandamida e 2-araquidonoilglicerol apresentam maior chance de desenvolver doenças inflamatórias e do Sistema Nervoso Central, como enxaqueca, fibromialgia e síndrome do intestino irritável.

 

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Potencial terapêutico da Cannabis na terceira idade

Os efeitos anti-inflamatórios e antioxidantes dos fitocanabinoides e dos terpenos da Cannabis na terceira idade, trazem mais qualidade de vida para esses pacientes nos mais variados contextos patológicos, como os listados a seguir.

 

Dores crônicas

O uso de medicamentos derivados de canabinoides na terceira idade ajuda a modular os componentes emocionais e cognitivos relacionados à percepção da dor, reduzindo sensações desagradáveis em diversos quadros de dores crônicas, como aquelas decorrentes de processos inflamatórios e neuropáticos.

Também é bastante evidente o efeito anti-espasmódico e relaxante muscular do THC. Além de modificar a percepção do estímulo doloroso, esse fitocanabinoide é capaz de reduzir a espasticidade e os espasmos musculares decorrentes de sequelas neurológicas após um AVC ou Traumatismo cranio-encefálico.

 

Alzheimer e Parkinson

Há muitos estudos científicos que demonstram os benefícios da Cannabis na terceira idade para portadores de Alzheimer e Parkinson. São doenças neurodegenerativas relacionadas ao estresse oxidativo, que induz a neuroinflamação e a morte de neurônios específicos. 

Esse estudo pré-clínico investigou as atividades antioxidantes dos fitocanabinóides – CBD e THC – usando um sistema in vitro de células neuronais humanas. Foram provocadas condições patológicas semelhantes à doença de Alzheimer por meio do estresse oxidativo. 

Os resultados indicaram que o THC tem alta potência para combater o estresse oxidativo, enquanto o CBD apresentou atividade antioxidante em menor impacto. A conclusão é que os extratos de cannabis e fitocanabinóides têm um potencial promissor como antioxidantes, que podem ser investigados para desenvolver novos fármacos visando a terapêutica do estresse oxidativo. 

Alguns pesquisadores sugerem ainda a reposição de derivados canabinoides como forte aliada na indução do crescimento e nutrição de neurônios do hipocampo, os quais são essenciais para os processos neurais relacionados à memória. Nesse sentido, os fitocanabinoides teriam como principal objetivo repor as substâncias endocanabinoides que o próprio organismo deixa de produzir com o avanço da idade.

 

Inapetência e insônia

Inapetência e insônia são duas condições frequentemente presentes na terceira idade. Dentre as principais atribuições já documentadas do THC, estão suas potencialidades para estimular o apetite e induzir o sono. Inclusive, na prática é comum a redução e desmame do uso crônico de benzodiazepínicos dos pacientes que sofrem de insônia, contribuindo para a melhora da qualidade de vida deles.

O THC é bastante conhecido por seu potencial indutor do apetite, o que pode ser um efeito bastante desejável em pacientes portadores de doenças neurodegenerativas e câncer.  

No entanto, vale lembrar que o uso do THC em pacientes idosos requer cuidado extra na estratégia de dosagem, a qual deve ser mais cuidadosa ainda e sempre se pautar no equilíbrio entre a redução dos sintomas e o aparecimento de eventuais efeitos adversos, como hipotensão arterial.

 

Hipertensão arterial

O uso de cannabis medicinal por pessoas com mais de 60 anos tem crescido bastante e de forma rápida nos últimos anos. Nesse contexto, uma dúvida comum é sobre a segurança cardiovascular do uso de cannabis em pacientes nessa faixa etária. 

Para esclarecer essa questão, um estudo avaliou os efeitos da cannabis sobre a pressão arterial, a frequência cardíaca e os parâmetros metabólicos em pacientes idosos e hipertensos.

O resultado apontou que o tratamento com cannabis por 3 meses esteve associado à redução da pressão arterial sistólica e diastólica, contribuindo para a redução prescritiva desses pacientes.

 

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Referências

BABSON, KA.; SOTILLE, J.; MORABITO, D. Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: a Review of the Literature. Current Psychiatry Reports, v. 19, 2017.

RAJA, A.; AHMADI, S; COSTA, F; LI, N; KERMAN, K. Attenuation of Oxidative Stress by Cannabinoids and Cannabis Extracts in Differentiated Neuronal Cells. Pharmaceuticals, 2020.

RUSSO, Ethan B. Clinical Endocannabinoid Deficiency Reconsidered: Current Research Supports the Theory in Migraine, Fibromyalgia, Irritable Bowel, and Other Treatment-Resistant Syndromes. Cannabis and Cannabinoid Research, 2016.

SHOET, A.; KHLEBTOVSKY, A.; ROIZEN, N.; RODITI, Y.; DJALDETTI, R. Effect of medical cannabis on thermal quantitative measurements of pain in patients with Parkinson’s disease. European Journal of Pain, v. 21, 2017

Esse texto foi elaborado pelo time de experts da WeCann, baseado nas evidências científicas partilhadas nas referências e, amparado na ampla experiência prescritiva dos profissionais.

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