Identificação
Paciente do sexo masculino, 1 ano (no diagnóstico inicial em 2018), como o diagnóstico Astrocitoma Pilomixoide Supraquiasmático.
Apresentação do Caso Clínico
Este é o caso de um paciente do sexo masculino, com 1 ano de idade na época do diagnóstico inicial, que apresentava um quadro clínico de astrocitoma pilomixoide supraquiasmático metastático. Trata-se de um tumor cerebral extremamente raro, com localização que o tornava inoperável.
Quatro meses antes da primeira avaliação para o tratamento complementar, o paciente já apresentava uma série de sintomas graves: náuseas persistentes, vômitos, fortes dores de cabeça e alterações de visão. Esses sintomas progrediram rapidamente, resultando em cegueira bilateral total devido à compressão do nervo óptico pelo tumor.
Apesar de já ter iniciado o tratamento oncológico convencional com Vinblastina, a doença continuava a progredir de forma agressiva. A família, ciente do prognóstico reservado e buscando alternativas para melhorar a qualidade de vida e, se possível, estabilizar a progressão da doença, procurou uma abordagem terapêutica complementar.
Nesse ponto, o paciente já tinha perdido totalmente a visão, e as ressonâncias magnéticas indicavam um quadro de hipertensão intracraniana, com a possibilidade iminente da necessidade de uma cirurgia para a inserção de uma válvula de derivação ventrículo-peritoneal. O prognóstico inicial, dada a raridade e agressividade do tumor, era de uma sobrevida variável de 1 a 4 anos. O caso demonstra a urgência e a complexidade de encontrar um tratamento eficaz para uma doença com poucas opções terapêuticas conhecidas.
Antecedentes pessoais
Devido ao avanço da doença, suas atividades diárias eram severamente limitadas pela cegueira e pela fraqueza física, resumindo-se a brincadeiras e interações dentro de casa com os pais.
Além dos sintomas físicos do tumor, a criança apresentava um quadro clínico que afetava significativamente sua qualidade de vida:
- Estado Emocional: Um quadro de ansiedade, possivelmente relacionado ao desconforto e às limitações impostas pela doença.
- Sono: Padrão de sono irregular, um sintoma comum em pacientes com tumores cerebrais e hipertensão intracraniana.
- Hábitos Alimentares e Intestinais: Apetite reduzido e hábitos intestinais diarreicos, que contribuíam para o seu baixo peso.
Esses sintomas somados ao diagnóstico primário ressaltavam a necessidade de um tratamento que fosse além da oncologia convencional, buscando o alívio integral do sofrimento do paciente.
Exame Físico
Ao exame físico, o paciente apresentava-se em estado geral bom, consciente e reativo ao som e toque.
Peso de 10 kg, considerado dentro da faixa de normalidade para a sua idade, apesar do relato de apetite reduzido. Os sinais vitais mostravam uma frequência cardíaca regular de 110 bpm e uma frequência respiratória de 25 irpm. A temperatura corporal era de 36,8°C. A inspeção geral não revelou sinais de desnutrição ou desidratação, e a pele e as mucosas apresentavam boa coloração.
- Cabeça e Pescoço: Crânio de forma e tamanho normais para a idade. Não havia sinais de aumento da circunferência craniana que indicassem hidrocefalia no momento do exame. Pescoço sem linfonodos palpáveis ou rigidez.
- Oftalmológico: Cegueira bilateral total, confirmada pela ausência de resposta à luz e de reflexo de piscar.
- Cardiopulmonar: Ausculta cardíaca e pulmonar dentro da normalidade, sem sopros ou ruídos adventícios.
- Abdômen: Abdômen flácido, sem visceromegalia ou massas palpáveis. Ruídos hidroaéreos aumentados, compatíveis com o quadro diarreico relatado.
- Sistema Nervoso: O paciente estava alerta e interagia com o ambiente por meio do som. A coordenação motora era limitada pela cegueira, mas a força muscular em membros superiores e inferiores era preservada. Presença de tônus muscular normal, sem reflexos patológicos.
O exame físico reforçava a gravidade do caso, com a cegueira total sendo o achado mais significativo e diretamente relacionado à compressão do nervo óptico pelo tumor.
Exames Complementares
O diagnóstico foi confirmado por exames de imagem, que revelaram um astrocitoma pilomixoide supraquiasmático. O paciente apresentava problemas de hipertensão intracraniana, monitorados de perto, com a possibilidade de necessitar de uma derivação ventrículo-peritoneal no futuro. As ressonâncias magnéticas posteriores foram cruciais para o monitoramento da estabilidade e do crescimento do tumor.
Lista de problemas
- P1: Astrocitoma Pilomixoide Supraquiasmático Metastático.
- P2: Cegueira bilateral total.
- P3: Náuseas, vômitos e cefaleia persistentes. Sec.Hipertensão Intracraniana?
- P4: Ansiedade.
- P5: Sono irregular.
- P6: Apetite reduzido.
- P7: Hábitos intestinais diarreicos.
Tratamento com Cannabis
Proposta Terapêutica Inicial
Apesar da quimioterapia convencional com Vinblastina, o tumor do paciente continuava a progredir. Diante desse cenário e buscando uma melhoria significativa na qualidade de vida e um possível controle da doença, a equipe médica, em conjunto com a família, optou por integrar a terapia canabinoide ao tratamento oncológico. A estratégia inicial focou em mitigar os sintomas debilitantes da criança e otimizar seu bem-estar geral.
Início e Ajustes do Tratamento
O tratamento farmacológico com canabinoides de espectro completo (full espectrum) foi iniciado em 1º de dezembro de 2018. A via de administração escolhida foi a oral/sublingual. Para o tratamento, foram selecionados dois quimiotipos: um com predominância de THC (3% THC, equivalente a 1 mg/gota) e outro com predominância de CBD (10% CBD, equivalente a 3,3 mg/gota).
A dose diária inicial consistiu em 6 mg de THC e 20 mg de CBD. A posologia do THC foi dividida em 1-1-4 gotas, priorizando a administração noturna para auxiliar no sono. O CBD foi administrado em 3-0-3 gotas. A resposta ao tratamento foi notavelmente rápida e positiva. Em apenas uma semana, a família relatou uma melhora expressiva nos sintomas. O paciente passou a dormir melhor, vomitar menos e estava mais ativo, sem apresentar os efeitos colaterais do THC, que foi bem tolerado na dose de 1 mg/kg/dia.
Após 15 dias, a estabilidade clínica se manteve, e as doses foram ajustadas em 17 de dezembro de 2018. A dose de CBD foi aumentada para 5-3-5 gotas por dia, totalizando 4,2 mg/kg/dia. Já o THC foi ajustado para uma combinação de dois quimiotipos, elevando a dose diária para 1,5 mg/kg/dia.
Evolução e Suspensão do Tratamento
Três meses depois, em 27 de março de 2019, um novo medicamento oncológico, Trametinib, foi introduzido. A equipe médica avaliou as possíveis interações e concluiu que era seguro prosseguir com a terapia canabinoide em paralelo. O paciente seguiu o tratamento combinado por um ano, mantendo-se estável e com boa qualidade de vida, sem interações medicamentosas significativas. A família chegou a relatar que ele estava bem o suficiente para frequentar a creche.
Em julho de 2020, o tratamento com canabinoides foi suspenso, pois o tumor demonstrava estar inativo e a família enfrentava dificuldades financeiras.
Retomada e Novo Protocolo
Após um período de dois anos, o tumor cerebral voltou a apresentar crescimento. Em agosto de 2023, a família decidiu retomar a terapêutica complementar à base de cannabis, dessa vez, com uma nova abordagem, que incluía o uso de canabinoides lipossomais para otimizar a absorção e biodisponibilidade.
O tratamento utilizou uma combinação de canabinoides como THC, CBG, CBD, THCA e CBDA, na tentativa de explorar o efeito entourage para otimizar os resultados terapêuticos. O perfil terpênico dos extratos também foi considerado, com a presença de compostos como Mirceno, Terpinoleno, Limoneno, Beta Cariofileno e Geraniol, conhecidos por suas propriedades anti-inflamatórias e ansiolíticas. O novo protocolo incluiu:
- CBD-C Lipossomal: 6/6/6 gotas, totalizando 5,4 mg de CBD/dia.
- T80 THC Lipossomal: 3/3/3 gotas, totalizando 2,92 mg de THC/dia.
- CBG: 2/2/2 gotas, totalizando 19,8 mg de CBG/dia.
- THCA: 1/1/1 gotas, totalizando 19,8 mg de THCA/dia.
Além da terapia com canabinoides, o plano de tratamento do paciente incluiu uma abordagem abrangente de suplementação e fitoterápicos, visando potencializar a resposta imunológica e o bem-estar geral.
Suplementação: A suplementação foi cuidadosamente selecionada para apoiar o organismo do paciente, com os seguintes compostos e dosagens:
- Magnésio (Mg): 200 mg
- Astaxantina: 5 mg
- Coenzima Q10 (Q10): 100 mg
- Quercetina: 100 mg
- Resveratrol: 150 mg
- Manganês (Mn): 2 mg
- Cobre (Cu): 1 mg
- Zinco (Zn): 20 mg
- Vitamina C: 300 mg
- Vitamina E: 200 UI
- N-acetilcisteína: 300 mg
- Vitamina D3 + K2
- DHA / EPA
Fitoterápicos: O tratamento também incorporou fitoterápicos e cogumelos medicinais, conhecidos por suas propriedades de modulação imunológica e suporte neurológico:
- Hericium
- Cordyceps
- Ganoderma
- Chá Verde
Em setembro de 2024, a família relatou que, apesar de pequenos percalços de saúde, como um resfriado, o paciente estava bem. Uma ressonância recente confirmou a estabilidade do tumor. A família continua o tratamento, ajustando as doses conforme a necessidade, demonstrando a eficácia e segurança da terapia a longo prazo.
Imagem do paciente com 7 anos de idade e saudavel
Conclusão
O caso clínico apresentado ilustra a complexidade de tratar um astrocitoma pilomixoide supraquiasmático metastático em um paciente pediátrico, uma condição gravíssima, com prognóstico reservado. A abordagem multidisciplinar, que incluiu a terapia com canabinoides e uma suplementação abrangente, demonstrou ser crucial para a melhora da qualidade de vida e, muito provavelmente, para a a estabilização da doença.
A introdução precoce da terapia canabinoide resultou em uma melhora notável dos sintomas mais debilitantes — náuseas, vômitos e insônia —, permitindo que a criança vivesse com mais conforto e qualidade de vida. A evolução do quadro mostra que a terapia não apenas aliviou os sintomas, mas possivelmente, também contribuiu para a estabilidade do tumor por um período prolongado, mesmo em um contexto de falha da quimioterapia convencional.
A reativação do tumor após a suspensão do tratamento com canabinoides e a posterior estabilização com a retomada da terapia e a inclusão de um novo protocolo reforçam a importância da terapia complementar contínua em casos oncológicos graves. Este caso destaca o papel fundamental dos canabinoides e de outros compostos naturais como adjuvantes terapêuticos. Eles não apenas oferecem alívio sintomático, mas também atuam em sinergia com o tratamento oncológico, oferecendo uma perspectiva de melhor qualidade, mesmo diante de um diagnóstico tão desafiador.
As informações pessoais contidas neste caso clínico foram modificadas para preservar a identidade e a imagem do paciente, mantendo, no entanto, a veracidade e a integridade dos dados clínicos. Este é um relato baseado em um caso real, fundamentado na documentação médica e nas observações clínicas realizadas durante o acompanhamento do paciente. A finalidade é compartilhar o tratamento e as estratégias adotadas em um cenário clínico de relevância, respeitando sempre a confidencialidade e a ética médica.
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