Identificação
Paciente sexo Feminino, 52 anos
Apresentação do Caso Clínico
A paciente, uma mulher de 52 anos, buscou atendimento médico em julho de 2022, apresentando um quadro de pós-menopausa diagnosticada em 2020. As queixas principais eram insônia persistente, ondas de calor intensas, dores articulares e ansiedade, sintomas que impactaram significativamente sua qualidade de vida por cerca de três anos.
Embora não apresentasse comorbidades graves ou uso contínuo de medicamentos, a paciente descreveu um histórico de ansiedade de intensidade variável ao longo da vida e uma preferência por abordagens terapêuticas alternativas. Além dos sintomas físicos, ela relatou oscilações de humor, aumento da irritabilidade e dificuldade de concentração, afetando seu desempenho profissional e bem-estar geral.
Histórico Familiar e Hábitos de Vida
- Histórico Familiar: A paciente mencionou um histórico familiar de câncer de mama.
- Hábitos de Vida: Ela adota um estilo de vida saudável, que inclui alimentação equilibrada e prática regular de atividades físicas, e não faz uso de medicamentos convencionais de forma crônica.
Exame Físico
BEG, eupneica, normocorada.
SSVV: PA, FC, FR e Tax estáveis e dentro da normalidade.
Pele: Pele íntegra, sem lesões.
CP: Crânio normocéfalo. Pescoço simétrico, sem adenomegalias ou tireoide aumentada.
AR: Tórax simétrico, EPP, MV bilateralmente audível, sem RA.
ACV: Bulhas rítmicas, BNF, em 2T, sem sopros. Pulsos periféricos presentes e simétricos.
ABD: Plano, flácido, indolor à palpação. RHA presentes, sem massas ou VMG.
EXT: MMSS e MMII simétricos, sem edemas, cianose ou varizes.
SN: Sem déficits neurológicos. Reflexos, força e sensibilidade preservados. Marcha normal
Diagnósticos (Lista de problemas)
P1: Pós-menopausa.
P2: Sintomas climatéricos e psicológicos secundários à Menopausa: Insônia, ondas de calor, dores articulares, ansiedade, oscilações de humor, irritabilidade e dificuldade de concentração.
Tratamento com Cannabis
O tratamento da paciente com cannabis medicinal começou em julho de 2022. A proposta inicial foi abrangente, incluindo não apenas o uso da cannabis, mas também um importante trabalho de educação e aconselhamento sobre a menopausa e as formas de uso da cannabis.
Estratégias Iniciais (Abordagem Farmacológica)
Para a abordagem farmacológica, três tipos de produtos à base de cannabis foram propostos, cada um com características específicas de dose, posologia e forma de tratamento:
- Produto Oral/Comestível: Foi indicado um produto com predominância de THC (Tipo I), de espectro completo, na concentração de 5 mgl. A dose inicial recomendada era de 2,5 mg por noite, administrada via oral como comestível. O objetivo era atuar principalmente nos sintomas noturnos como a insônia.
- Solução Sublingual: Uma opção com THC e CBD balanceados (Tipo II) ou com alto CBD (Tipo III), também de espectro completo, foi prescrita como solução sublingual. A concentração era de 300 mg/ml, com uma dose inicial de 15 mg (equivalente a 30 gotas). A posologia era diária, administrada via sublingual, para uma absorção mais rápida e sistêmica.
- Caneta Vaporizadora: Para uso conforme a necessidade, foi sugerido um produto Tipo II (THC/CBD balanceado na proporção 3:1), de espectro completo, com concentração de 3 mg/ml. A dose estimada era de 3 mg por inalação, com 1 a 2 inalações por dia, 3 a 4 vezes por semana, administrada via vaporização por caneta, oferecendo alívio rápido para sintomas agudos.
Abordagem Não-Farmacológica
Além dos produtos de cannabis, a educação e o aconselhamento foram pilares fundamentais. A paciente recebeu informações detalhadas sobre a menopausa e sobre o uso seguro e eficaz da cannabis, o que é crucial para o sucesso do tratamento e para que ela se sinta mais segura e informada sobre sua condição e tratamento.
Acompanhamento e ajustes no tratamento
O tratamento foi cuidadosamente monitorado, com ajustes feitos ao longo do tempo para otimizar os resultados:
- Agosto de 2022: Após um mês, a paciente estava usando comestíveis de 5 mg com predomínio de THC (Tipo I). A dose foi ajustada para 2,5 mg por noite (metade de um comestível de 5 mg) e ocasionalmente usava um comestível inteiro, via oral. Houve uma melhora notável no sono, uma mudança leve a moderada no humor e uma mudança mínima na dor. Não foram observados efeitos psicotrópicos indesejados, nem alterações no apetite ou no hábito intestinal.
- Novembro de 2022: O tratamento evoluiu para o uso de uma solução sublingual com THC/CBD balanceado (Tipo II), em uma concentração mais alta (600 mg THC/CBD por mL). A dose foi ajustada para 15 mg/dia, administrados 1 a 2 vezes ao dia (0,75 ml), via sublingual. Os resultados foram ainda mais positivos: a paciente relatou alívio moderado da dor, melhora moderada do humor e, principalmente, estava dormindo bem. Além disso, observou-se uma diminuição da dor articular, menos ansiedade e uma redução na intensidade e frequência das ondas de calor.
- Fevereiro de 2023: O tratamento foi refinado com a introdução de uma caneta vaporizadora contendo THC/CBD balanceado (1:1), de espectro completo, com concentração de 50 mg CBD/ml. A dose era de 2 a 4 inalações conforme a necessidade, 3 dias por semana, administradas via vaporização. Essa abordagem resultou em melhora significativa da dor, do humor e do sono. A paciente expressou grande satisfação com os resultados, e não houve alterações no apetite ou no hábito intestinal.
O sucesso do tratamento demonstra a importância de uma abordagem personalizada e do acompanhamento contínuo para ajustar as doses e os tipos de produtos de cannabis, conforme a resposta individual de cada paciente.
Conclusão
Este caso clínico ilustra o potencial da cannabis medicinal como uma alternativa promissora para o manejo dos sintomas da menopausa, como insônia, ondas de calor, dores articulares, ansiedade e oscilações de humor. A paciente demonstrou uma melhora significativa e satisfatória em sua qualidade de vida com o uso personalizado de produtos de cannabis.
É importante ressaltar que, embora a experiência clínica mostre resultados positivos e um número crescente de pacientes esteja buscando essa alternativa, a pesquisa científica sobre a eficácia e segurança da cannabis para sintomas da perimenopausa e pós-menopausa ainda é limitada.
Nesse cenário, o papel do médico é insubstituível. É importante que nos mantenhamos continuamente atualizados acerca das novas descobertas científicas e das evidências clínicas emergentes. A prescrição de cannabis medicinal, como em qualquer condição de saúde complexa, deve ser fundamentada em uma análise crítica da literatura, uma avaliação individualizada do paciente — considerando seu perfil clínico, comorbidades e medicações concomitantes —, e um monitoramento rigoroso dos benefícios e possíveis eventos adversos.
As informações pessoais contidas neste caso clínico foram modificadas para preservar a identidade e a imagem do paciente, mantendo, no entanto, a veracidade e a integridade dos dados clínicos. Este é um relato baseado em um caso real, fundamentado na documentação médica e nas observações clínicas realizadas durante o acompanhamento do paciente. A finalidade é compartilhar o tratamento e as estratégias adotadas em um cenário clínico de relevância, respeitando sempre a confidencialidade e a ética médica.
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