Potencial terapêutico da Cannabis no Transtorno por Uso de Cannabis

Publicado em 07/01/25 | Atualizado em 07/01/25 Leitura: 14 minutos

CanabinoidesCannabis como MedicamentoPsiquiátricas

O Transtorno por Uso de Cannabis (TUC) é uma condição psiquiátrica formalmente reconhecida, descrita pela primeira vez no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, Quinta Edição (DSM-5). Anteriormente, o uso problemático de cannabis era dividido entre abuso e dependência, mas o DSM-5 consolidou esses quadros em uma única categoria, refletindo a complexidade do uso compulsivo da substância. Estima-se que até 10% dos aproximadamente 193 milhões de usuários de cannabis no mundo sofram de algum grau de TUC, caracterizado pela dificuldade em controlar o consumo, aumento da tolerância e sintomas de abstinência quando o uso é interrompido.¹ Importante destacar que esse transtorno não se limita à dependência química, e que mesmo sem sinais claros de vício, o uso inapropriado da cannabis pode gerar impactos significativos na vida dos usuários.

O paradoxo no tratamento do TUC com a própria planta de cannabis surge do conhecimento crescente sobre os diversos compostos ativos da planta, como o canabidiol (CBD) e o Δ9-tetraidrocanabinol (Δ9-THC). Já existem diversas comprovações científicas do uso desses compostos presentes na cannabis no tratamento de diversas condições médicas. No post de hoje vamos explorar o potencial terapêutico da cannabis, no manejo do TUC, abordando suas possíveis implicações no tratamento da dependência e seus efeitos no sistema endocanabinoide.

Transtorno por uso de Cannabis

O Transtorno por Uso de Cannabis (TUC) é uma condição psiquiátrica caracterizada pelo uso problemático e persistente da cannabis, levando a prejuízos funcionais e sofrimento significativo. Segundo o DSM-5, o TUC abrange um espectro de comportamentos compulsivos relacionados ao consumo da substância, substituindo as categorias anteriormente conhecidas como abuso e dependência de cannabis. A condição é diagnosticada com base em critérios clínicos que avaliam o impacto do uso da cannabis na vida do indivíduo, como a perda de controle sobre o consumo, aumento da tolerância, e a ocorrência de sintomas de abstinência após a interrupção do uso.

O DSM-5 define o TUC como um padrão de comportamento que leva a um comprometimento ou sofrimento clinicamente significativo, manifestado em um período de 12 meses. Esse transtorno é caracterizado pela presença de pelo menos dois dos seguintes critérios: o uso de cannabis ocorre em quantidades maiores ou por um período mais prolongado do que o planejado; há um desejo persistente de reduzir o uso, mas com tentativas malsucedidas; um tempo excessivo é gasto na aquisição, uso ou recuperação dos efeitos da substância; ocorrem desejos intensos de utilizar cannabis; o uso repetido resulta na negligência de obrigações sociais; e o consumo continua, mesmo diante de problemas sociais ou interpessoais. Adicionalmente, o indivíduo pode renunciar a atividades sociais, ocupacionais ou recreativas importantes para usar cannabis, e persistir no uso apesar de danos físicos ou problemas psicológicos relacionados. A tolerância e os sintomas de abstinência quando a substância não é utilizada também são critérios importantes para o diagnóstico, ressaltando a gravidade do transtorno e a necessidade de intervenções adequadas.²

Os indivíduos com TUC  frequentemente enfrentam compromissos sociais e ocupacionais, com dificuldades que se manifestam em suas vidas familiares, acadêmicas e profissionais. A negligência de obrigações pode resultar em desempenho insatisfatório e conflitos interpessoais. Além disso, o TUC está frequentemente associado a comorbidades, como depressão, ansiedade e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), onde o uso recreativo crônico e indiscriminado de cannabis pode agravar esses transtornos ou levar ao desenvolvimento de novos problemas psiquiátricos.³

O tratamento do TUC pode variar conforme a gravidade dos sintomas e a presença de comorbidades. As terapias comportamentais desempenham um papel crucial, com abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que ajuda os indivíduos a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que sustentam o uso problemático da cannabis. A TCC também ensina habilidades de enfrentamento para lidar com situações que podem desencadear o uso da substância. A Terapia de Aprimoramento Motivacional é outra abordagem útil, visando aumentar a motivação do paciente para mudar seus comportamentos, ajudando-o a explorar as razões para a mudança e a definir metas concretas. O gerenciamento de contingência é um método baseado em recompensas, onde os pacientes recebem incentivos por atingirem metas de abstinência ou redução do uso de cannabis.

Além das terapias convencionais, a discussão sobre o uso da própria cannabis como forma de tratamento para o TUC tem ganhado espaço. Alguns estudos sugerem que o uso controlado de cannabis em formulações para via de administração oral ou sublingual, com menor teor de THC, ou a administração de canabinoides não psicotrópicos, como o canabidiol (CBD), pode ajudar a aliviar os sintomas de abstinência e reduzir o desejo por cannabis em alguns indivíduos. 

Sistema endocanabinoide e TUC

O sistema endocanabinoide (SEC) tem um papel fundamental na regulação dos circuitos cerebrais envolvidos nos mecanismos de recompensa, diretamente ligados ao desenvolvimento de transtornos por uso de substâncias, como o transtorno por uso de cannabis (TUC). O SEC é composto por endocanabinoides, receptores (CB1 e CB2), e enzimas, sendo responsável por manter o equilíbrio de diversas funções cerebrais. Quando há desregulação desse sistema, especialmente pelo uso contínuo de substâncias como a cannabis, pode ocorrer o desenvolvimento de dependência.4

O sistema de recompensa do cérebro, conhecido como via mesocorticolímbica, é crucial para o reforço positivo de atividades que proporcionam prazer. Esse circuito inclui áreas como a área tegmental ventral (VTA), onde neurotransmissores como dopamina, glutamato e GABA são predominantes. A ativação dos receptores CB1 na VTA, promovida pelo THC, principal componente psicotrópico da cannabis, reduz a liberação de GABA, levando à desinibição dos neurônios dopaminérgicos e, consequentemente, ao aumento da dopamina nessa via. Esse aumento da dopamina intensifica o circuito de recompensa, reforçando a sensação de prazer e promovendo o uso repetido da substância, o que pode evoluir para dependência.5

O canabidiol, um componente não psicotrópico da cannabis, tem se mostrado promissor como agente terapêutico para o manejo do TUC. Ao contrário do THC, o CBD não ativa os receptores CB1 de forma a provocar os efeitos de reforço da dependência. Pelo contrário, o CBD atua como um modulador alostérico negativo, ou seja, ele reduz a ação do THC nos receptores CB1, diminuindo a ativação exacerbada do sistema de recompensa. Isso faz com que o CBD seja estudado como uma opção terapêutica eficaz para o tratamento de transtornos por uso de cannabis.6

Além de seus efeitos no sistema endocanabinoide, o CBD parece influenciar outros sistemas neurais envolvidos na dependência, como os receptores de serotonina (5-HT1a) e dopamina (D2), contribuindo para a redução de comportamentos compulsivos e ansiosos associados ao uso de substâncias. Sua ação ansiolítica e antipsicótica tem sido observada em vários estudos pré-clínicos e clínicos, reforçando seu potencial para tratar o TUC e outras formas de dependência.7

O impacto dos canabinoides no circuito de recompensa: A interação entre as projeções dopaminérgicas, glutamatérgicas e GABAérgicas no cérebro é crucial para compreender o desenvolvimento do transtorno por uso de cannabis. Essas conexões regulam comportamentos como reconhecimento de recompensas e formação de memórias associativas. Fonte: Connor, J.P., Stjepanović, D., Le Foll, B. et al. Cannabis use and cannabis use disorder. Nat Rev Dis Primers 7, 16 (2021). https://doi.org/10.1038/s41572-021-00247-4
O impacto dos canabinoides no circuito de recompensa: A interação entre as projeções dopaminérgicas, glutamatérgicas e GABAérgicas no cérebro é crucial para compreender o desenvolvimento do transtorno por uso de cannabis. Essas conexões regulam comportamentos como reconhecimento de recompensas e formação de memórias associativas. Fonte: Connor, J.P., Stjepanović, D., Le Foll, B. et al. Cannabis use and cannabis use disorder. Nat Rev Dis Primers 7, 16 (2021). https://doi.org/10.1038/s41572-021-00247-4

A exposição aguda aos canabinoides desencadeia uma cascata neuroquímica que envolve projeções dopaminérgicas da área tegmental ventral para o núcleo accumbens (NAc), um componente central na codificação da recompensa e no comportamento de consumo. O VTA também envia projeções dopaminérgicas ao hipocampo (HIPP) e ao córtex pré-frontal (PFC), modulando processos como memória, aprendizado associativo e tomada de decisão. Paralelamente, o NAc recebe inervações glutamatérgicas do PFC, da amígdala basolateral (BLA), do HIPP e do núcleo do leito da estria terminal (BNST), que reforçam a integração de sinais relacionados ao medo e à recompensa.8

A regulação da atividade dopaminérgica é mediada por neurônios GABAérgicos localizados no VTA e por projeções GABAérgicas que conectam o NAc ao VTA, tanto diretamente quanto via pálido ventral (VP). Essas interações contribuem para a modulação precisa de estímulos aversivos e recompensadores, permitindo a execução de comportamentos cognitivos e afetivos complexos. Esse entendimento ressalta os desafios neurobiológicos no manejo do transtorno por uso de cannabis, evidenciando a complexidade do sistema endocanabinoide na regulação do circuito de recompensa e suas interconexões.8

Em resumo, o sistema endocanabinoide está diretamente envolvido na formação e manutenção do TUC. O uso de cannabis ativa intensamente o SEC, principalmente por meio do THC, o que leva ao reforço do uso e ao desenvolvimento da dependência. No entanto, a modulação desse sistema, especialmente com o uso de CBD, surge como uma abordagem promissora para o tratamento do transtorno por uso de cannabis, oferecendo uma possível alternativa terapêutica que reduz os efeitos adversos do THC e ajuda no controle dos sintomas de dependência.

Para saber mais sobre os mecanismos envolvidos no sistema endocanabinoide e no transtorno por uso de substâncias acesse: Canabidiol no tratamento dos Transtornos por Uso de Substâncias – WeCann Academy

Evidências Científicas 

Nos últimos anos, a pesquisa científica tem avançado significativamente em busca de tratamentos eficazes para o transtorno por uso de cannabis, refletindo a necessidade crescente de manejo adequado dessa condição. Alguns ensaios clínicos randomizados (ECRs) duplo-cegos, avaliaram o papel de diferentes canabinoides no tratamento do TUC. Os resultados, embora variados, trouxeram insights promissores sobre o uso terapêutico dessas substâncias.

Estudos com THC, mostraram efeitos positivos no alívio dos sintomas de abstinência em pacientes com TUC. Três ensaios clínicos exploraram doses de THC entre 30 mg e 90 mg por dia durante períodos de 5 a 7 dias, observando uma redução significativa na gravidade da abstinência e na fissura por cannabis, em comparação com o placebo. No entanto, esses estudos tiveram amostras pequenas, limitando o impacto estatístico dos resultados.9,10, 11

Além do THC, o dronabinol, uma formulação sintética oral do THC, também foi investigado. Em três ECRs, com doses de 30 mg a 120 mg ao dia, os resultados indicaram uma diminuição dose-dependente nos sintomas de abstinência, embora os efeitos sobre a manutenção da abstinência e a redução do consumo de cannabis tenham sido menos consistentes. Mesmo com as limitações dos estudos, essas pesquisas sugerem que tanto o THC quanto o dronabinol podem ajudar a aliviar os sintomas associados à interrupção do uso de cannabis.12

Uma abordagem que tem gerado interesse é o uso do spray oral de nabiximols, uma combinação de THC e CBD. Até o momento, quatro ECRs analisaram sua eficácia no TUC, com doses máximas de 113,4 mg de THC e 105 mg de CBD, administradas por até 12 semanas. Os resultados apontaram para uma redução significativa na gravidade da abstinência e no consumo de cannabis na maioria dos estudos. Esse tratamento combinado parece promissor, especialmente quando associado a programas de aconselhamento e suporte terapêutico.13

O CBD também tem atraído atenção no manejo do TUC. No entanto, até agora, apenas três estudos avaliaram seu impacto nesse transtorno, com base em um único ECR. O estudo conduzido por Freeman et al. (2020) mostrou que doses de 400 mg e 800 mg de CBD reduziram o uso de cannabis, evidenciado pela queda nos níveis urinários de THC-COOH e pelo aumento do tempo de abstinência semanal. Embora os efeitos cognitivos do CBD não tenham sido tão pronunciados, provavelmente, pelo curto período de 4 semanas de uso da substância, a sua segurança e eficácia em reduzir o consumo de cannabis são claras.14

Além dos canabinoides naturais, outras abordagens farmacológicas estão em desenvolvimento. O inibidor da enzima FAAH, conhecido como JZP150, mostrou-se promissor ao aumentar os níveis de anandamida, um importante endocanabinoide, impedindo sua degradação. Em um pequeno grupo de pacientes com TUC, o uso desse inibidor reduziu com segurança, tanto os sintomas de abstinência quanto o consumo de cannabis.15

Outro composto inovador, o AEF0117, um inibidor seletivo da sinalização do receptor CB1, também está sendo investigado. Em ensaios clínicos, ele demonstrou reduzir significativamente os efeitos prazerosos associados ao THC e a autoadministração de cannabis, sem induzir sintomas de abstinência, apontando para um potencial tratamento para o TUC.16

Conclusão

O TUC é uma condição psiquiátrica complexa e desafiadora. Embora o uso excessivo de cannabis possa gerar prejuízos significativos, as pesquisas atuais oferecem perspectivas promissoras para o manejo dessa condição. Tanto os canabinoides naturais, como o THC e o CBD, quanto compostos sintéticos e novas abordagens farmacológicas, como os inibidores de FAAH e CB1, têm mostrado potencial terapêutico no tratamento do TUC. 

Nesse contexto, é essencial que os médicos estejam informados sobre os avanços no manejo terapêutico do transtorno por uso de cannabis para oferecerem abordagens eficazes e baseadas em evidências científicas. A WeCann desempenha um papel crucial ao fornecer conteúdo técnico de alta qualidade sobre o uso de canabinoides no tratamento do TUC, fundamentado em rigor científico. Dessa forma, a WeCann contribui para a integração segura e eficaz da cannabis medicinal na prática clínica, promovendo estratégias de tratamento mais personalizadas e assertivas para pacientes que enfrentam essa condição complexa e desafiadora.

Referências

  1. Connor J, Stjepanovic D, Le Foll B, Hoch E, Budney A, Hall W. Cannabis use and cannabis use disorder. Nature Rev Disease Primers. 2021;7(16). doi:10.1038/s41572-021-00247-4.
  2. Patel J, Marwaha R. Cannabis Use Disorder. [Updated 2024 Mar 20]. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024 Jan-. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK538131/
  3. Amie C. Hayley, Con Stough, Luke A. Downey, DSM-5 cannabis use disorder, substance use and DSM-5 specific substance-use disorders: Evaluating comorbidity in a population-based sample, European Neuropsychopharmacology, Volume 27, Issue 8, 2017, Pages 732-743, ISSN 0924-977X, https://doi.org/10.1016/j.euroneuro.2017.06.004.
  4. Gardner, E. L. & Lowinson, J. H. Marijuana’s interaction with brain reward systems: Update 1991. Pharmacol. Biochem. Behav, 40, 571-580 (1991).
  5. MONTAGNER,Patrícia; DE SALAS-QUIROGA, Adán. Tratado de Medicina Endocanabinoide.1. ed. WeCann Endocannabinoid Global Academy, 2023.
  6. Navarrete, F, Garcfa-Gutiérrez, M. S., Gasparyan, A., Austrich-Olivares, A. & Manzanares, J. Role of Cannabidiol in the Therapeutic Intervention for Substance Use Disorders. Front. Pbarmacol. 12, 626010 (2021).
  7. Paulus, V., Billieux, J., Benyamina, A. & Karila, L. Cannabidiol in the context of substance use disorder treatment: A systematic review. Addict. Bebav, 132, 107360 (2022).
  8. Connor, J.P., Stjepanović, D., Le Foll, B. et al. Cannabis use and cannabis use disorder. Nat Rev Dis Primers 7, 16 (2021). https://doi.org/10.1038/s41572-021-00247-4
  9. Haney, M. et al. Effects of THC and lofexidine in a human laboratory model of marijuana withdrawal and relapse. Psycbopbarm.acology (Berl.) 197, 157-168 (2008).
  10. Budney, A. J., Vandrey, R. G. Hughes, J. R., Moore, B. A. & Bahrenburg. Oral delta-9-tetrahydrocannabinol suppresses cannabis withdrawal symptoms. Drug Alcohol Depend. 86, 22-29 (2007).
  11. Hancy, M. et al. Marijuana Withdrawal in Humans: Effects of Oral THC or Divalproex Netropsychopbarmacology 29, 158-170 (2004).
  12. Levin, F. R. et al. Dronabinol and lofexidine for cannabis use disorder: A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Drug Alcobol Depend. 159, 53-60 (2016).
  13. Trigo,.J.M.etal. Eflects offixed or self-titrated dosages of Sativex on cannabis withdrawal and cravings. Drig Alcohol Depend. 161, 298-306 (2016).
  14. Freeman, T. P. et al. Cannabidiol for the treatment of cannabis use disorder: a phase 2a double-blind, placebo-controlled randomised, adaptive Bayesian trial. Lancet Psycbiatry 7, 865-874 (2020).
  15. D’Souza, D. C. et al. Efficacy and safety of a fatty acid amide hydrolase inhibitor (PF-04457845) in the treatment of cannabis withdrawal and dependence in men: a double-blind, placebo-controlled, paralle group, phase 2a single-site randomised controlled trial. Lancet Psychiatry 6, 35-45 (2019).
  16. Haney, M. et al. Signaling-specific inhibition of the CB1 receptor for cannabis use disorder: phase 1 and phase 2a randomized trials. Nat. Med. 29, 1487-1499 (2023).
Esse texto foi elaborado pelo time de experts da WeCann, baseado nas evidências científicas partilhadas nas referências e, amparado na ampla experiência prescritiva dos profissionais.

Mantenha-se atualizado. Cadastre-se e receba conteúdos exclusivos e tecnicamente qualificados.


    Ao assinar, você concorda com a política de privacidade.

    Assine nossa
    
newsletter.

      Ao assinar, você concorda com a política de privacidade.

      Artigos relacionados