Canabidiol no tratamento do TEA

Publicado em 16/10/23 | Atualizado em 27/06/24 Leitura: 7 minutos

Canabidiol (CBD)Canabinoides

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio neurológico do desenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento social e a interação. Embora não haja cura para o TEA, diversas terapias e medicamentos podem melhorar a qualidade de vida das pessoas com autismo.

Dentre os medicamentos mais utilizados estão os antipsicóticos, antidepressivos e psicoestimulantes. Não há, no entanto, nenhuma opção medicamentosa para amenizar sintomas relevantes do TEA, como déficit na comunicação social e alterações comportamentais.

Por isso, o uso do Canabidiol (CBD) no tratamento do TEA tem ganhado destaque. Isso ocorre porque o CBD não tem potencial psicotóxico e oferece potenciais benefícios em diversos tratamentos. A seguir, vamos aprofundar o que você precisa saber nesse tema.

O canabidiol como terapia

O uso terapêutico do CBD em diversas doenças tem sido objeto de estudo por muitos anos, e o TEA é uma das condições em que o CBD pode ser benéfico. Isso porque, o CBD pode ajudar a reduzir sintomas comuns, como ansiedade, agressividade e comportamentos repetitivos.

Embora o mecanismo de ação do CBD no cérebro ainda não esteja completamente compreendido, sabe-se que esse fitocanabinoide interage com o sistema endocanabinoide, o qual regula diversas funções fisiológicas, incluindo a dor, o sono e o humor.

Um estudo publicado pela Frontiers in Pharmacology, por exemplo, apresentou os resultados de uma pesquisa clínica autorizada pelo Ministério da Saúde de Israel. Nesse estudo, crianças com autismo receberam gotas orais de óleo de CBD durante 66 dias.

O resultado mostrou que em 53 crianças com idade média de 11 anos a automutilação e os ataques de raiva (n = 34) melhoraram em 67,6% e pioraram em 8,8%. Os sintomas de hiperatividade (n = 38) melhoraram em 68,4%, não mudaram em 28,9% e pioraram em 2,6%. Problemas de sono (n = 21) melhoraram em 71,4% e pioraram em 4,7%. Ansiedade (n = 17) melhorou em 47,1% e piorou em 23,5%. Os efeitos adversos observados foram leves, como sonolência e alterações no apetite.

Embora o uso do CBD no tratamento do TEA ainda esteja em fase de estudos, muitas famílias que estão fazendo uso do medicamento, já relataram melhorias significativas nos sintomas de seus filhos com autismo.

No entanto, é importante ressaltar que o CBD não é uma cura para o TEA e que a resposta de cada indivíduo ao tratamento pode variar. Além disso, é necessário que o uso do CBD seja supervisionado por um médico experiente e que seja feito dentro das diretrizes legais e éticas.

O uso de canabidiol no Brasil

O uso de CBD tem ganhado destaque no Brasil nos últimos anos. Em 2015, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou a importação de medicamentos à base de canabidiol para uso medicinal. Desde então, o número de pedidos e liberações tem crescido.

De 2015 a 2021, o Brasil recebeu mais de 70,4 mil pedidos de importação de medicamentos à base de canabidiol. Em 2017, a Anvisa havia concedido a importação para 2.101 formulários preenchidos. Já nos 12 meses entre julho de 2022 e junho de 2023, foram 112.731 autorizações de importações.

Importante ressaltar que o uso de CBD ainda é alvo de controvérsias, principalmente no contexto da legalização da cannabis no Brasil. Enquanto alguns apoiam a legalização da planta para uso medicinal e a distribuição gratuita de medicamentos, outros argumentam que isso pode acarretar riscos à saúde pública.

De acordo com pesquisa feita pelo Data Senado, 79% dos brasileiros acham que medicamentos feitos a partir da cannabis devem ser distribuídos gratuitamente pelo SUS. Além disso, 75% dos entrevistados se mostraram favoráveis à autorização da produção de remédios à base da planta por indústrias farmacêuticas.

Em conclusão, embora 87% dos entrevistados saibam que substâncias derivadas da cannabis podem auxiliar no tratamento de doenças, apenas 9% afirmam conhecer alguém que faça uso medicinal da mesma.

O uso de CBD tem trazido benefícios significativos para pacientes com doenças graves e refratárias. É fundamental que o assunto continue em discussão e que se invista em pesquisas e regulamentações que garantam um acesso seguro a esses medicamentos.

Além disso, é de extrema importância que a comunidade médica, assim como a sociedade em geral, compreendam cada vez mais os benefícios da cannabis medicinal e seu impacto na saúde.

Como médicos podem aplicar o canabidiol no atendimento a pacientes com TEA?

A aplicação de cannabidiol (CBD) em atendimentos médicos deve ser realizada com muita responsabilidade e consideração, uma vez que o CBD é uma substância derivada da cannabis e sua utilização envolve questões legais e éticas. Abaixo estão algumas diretrizes gerais:

Conhecimento e educação: é fundamental que os médicos estejam bem-informados sobre o CBD, suas propriedades, potenciais benefícios e riscos associados. Isso envolve manter-se atualizado com a pesquisa científica e clínica sobre o assunto.

Avaliação do paciente: antes de considerar o uso de CBD, os médicos devem realizar uma avaliação completa do paciente. É importante determinar se o CBD é apropriado para o paciente em questão.

Consideração das leis locais: os médicos devem estar cientes das leis e regulamentos locais, estaduais e nacionais relacionados ao uso de CBD. Em alguns lugares, o CBD pode ser legal apenas para certos fins médicos e em determinadas condições médicas.

Comunicação com o paciente: os médicos devem discutir abertamente com o paciente os benefícios potenciais, riscos e efeitos colaterais do uso de CBD. É importante estabelecer expectativas realistas sobre o que o CBD pode ou não pode fazer pelo paciente.

Dosagem e administração: a dosagem e a forma de administração do CBD variam dependendo do paciente e da condição médica. Os médicos devem prescrever a dose apropriada e orientar o paciente sobre como tomar o CBD de maneira segura.

Monitoramento e acompanhamento: os médicos devem acompanhar de perto o progresso do paciente enquanto estiverem usando o CBD. Isso inclui avaliações regulares para determinar a eficácia do tratamento e verificar se há efeitos colaterais.

Interações medicamentosas: é importante verificar se o CBD pode interagir com outros medicamentos que o paciente esteja tomando. O CBD pode influenciar a metabolização de certos medicamentos no fígado, o que pode afetar a eficácia e a segurança dos tratamentos.

Documentação e registro: os médicos devem manter registros detalhados das consultas, prescrições de CBD e progresso do paciente. Isso é importante para documentar o caso de forma técnica e apropriada e também atender às conformidades das regulamentações locais para fins de responsabilidade médica.

Para isso, o médico pode utilizar um prontuário eletrônico, a fim de facilitar a inclusão de informações sobre o andamento e resultados do tratamento do paciente. Saiba mais sobre as vantagens dessa ferramenta, acessando: Prontuário eletrônico: tudo sobre o registro digital que reúne informações do paciente na nuvem.

Colaboração interdisciplinar: em alguns casos, pode ser benéfico trabalhar em equipe com outros profissionais de saúde, como especialistas em dor, psicólogos ou terapeutas, para oferecer um tratamento abrangente ao paciente.

Conhecimento aliado ao bom atendimento ao paciente

Como você viu, é muito importante se manter atualizado e conhecer cada vez mais sobre os benefícios da Medicina Endocanabinoide para garantir melhor qualidade de vida aos pacientes com TEA e tornar o atendimento cada vez mais humanizado e assertivo.

E já que o assunto é proporcionar uma melhor experiência ao paciente, aproveitamos para reforçar a importância de implementar outros métodos que ajudem nisso. Por exemplo: o uso de um sistema de gestão, que possua ferramentas capazes de tornar o atendimento ao paciente autista ainda melhor.

Para entender mais sobre isso, acesse o conteúdo: Como aumentar a qualidade do atendimento ao paciente autista com o uso de um software de gestão.

Caso você ainda não possua um sistema de gestão a sua clínica, conheça o Clínica nas Nuvens e suas condições especiais na contratação.

Esse texto foi elaborado pela equipe do Clínica nas Nuvens, sistema de gestão com inúmeras funcionalidades para otimizar a rotina de clínicas e consultórios e auxiliar na fidelização de pacientes.

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