O uso da Cannabis no tratamento dos Transtornos Alimentares

Publicado em 23/09/24 | Atualizado em 02/12/24 Leitura: 14 minutos

Cannabis como MedicamentoPsiquiátricas

Os transtornos alimentares, incluindo anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar, representam condições psiquiátricas complexas que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. Esses distúrbios caracterizam-se por comportamentos alimentares desordenados e uma preocupação obsessiva com o peso e a forma corporal, frequentemente associados a uma gama de complicações físicas e emocionais graves. As abordagens tradicionais de tratamento para esses transtornos geralmente envolvem uma combinação de psicoterapia, farmacoterapia e intervenções nutricionais. No entanto, a eficácia desses tratamentos pode ser limitada, e muitos pacientes continuam a enfrentar sintomas persistentes e incapacitantes. Nesse contexto, a cannabis tem emergido como uma opção terapêutica potencialmente promissora, oferecendo uma nova perspectiva para o manejo dos transtornos alimentares.

A cannabis, particularmente seus principais componentes ativos, o tetrahidrocanabinol (THC) e o canabidiol (CBD), tem sido objeto de crescente interesse na comunidade científica por suas propriedades moduladoras do apetite, regulação do humor e controle da ansiedade. O sistema endocanabinoide (SEC), é uma rede de sinalização biológica que interage com os canabinoides da planta cannabis, e desempenha um papel crucial na regulação de uma série de processos fisiológicos, incluindo o apetite, o metabolismo energético e a resposta ao estresse. No post de hoje vamos explorar o uso da cannabis como uma terapia emergente para os transtornos alimentares, discutindo as evidências científicas disponíveis, os mecanismos de ação propostos e as potenciais implicações clínicas para pacientes com anorexia, bulimia e transtorno de compulsão alimentar.

Transtornos Alimentares

Os transtornos alimentares (TA) constituem um grupo de condições psiquiátricas complexas, caracterizadas por padrões alimentares anormais e distúrbios do apetite, frequentemente associados a comorbidades significativas, como ansiedade, depressão, transtorno por uso de substâncias e obesidade. Os principais subtipos de TA incluem anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), cada um com manifestações clínicas e critérios diagnósticos específicos.

Epidemiologicamente, os transtornos alimentares são mais prevalentes em países ocidentais e afetam predominantemente mulheres jovens, com uma prevalência estimada de 9% na população geral. A alta taxa de mortalidade associada a essas condições, incluindo uma significativa incidência de suicídio (até 26% dos pacientes tentam o suicídio, e um em cada 5 individuos que morrem com AN, morrem por suicídio), demonstra a gravidade dos TAs e a necessidade de intervenções terapêuticas mais eficazes.¹

Anorexia Nervosa

A anorexia nervosa (AN) é definida por uma restrição alimentar extrema, resultando em um índice de massa corporal (IMC) significativamente abaixo do normal. Pacientes com AN apresentam uma distorção persistente da imagem corporal e um medo intenso de ganhar peso, levando a comportamentos alimentares restritivos e, frequentemente, a complicações clínicas graves, como desequilíbrios hidroeletrolíticos e falência de órgãos. A AN é particularmente preocupante devido a sua alta taxa de mortalidade, sendo o suicídio uma causa significativa de óbito entre esses pacientes.¹

Bulimia Nervosa

A bulimia nervosa (BN) é caracterizada por episódios recorrentes de compulsão alimentar, seguidos por comportamentos compensatórios inadequados, como vômitos auto-induzidos, uso indevido de laxantes, ou exercício físico excessivo.² Embora os pacientes com BN possam manter um peso corporal dentro da faixa normal, o distúrbio está associado a complicações clínicas sérias, como esofagite, desequilíbrios hidroeletrolíticos e arritmias cardíacas, além de comorbidades psiquiátricas, como depressão e transtornos de ansiedade.³

Transtorno de Compulsão Alimentar Periódica

O transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP) se distingue pela ocorrência de episódios de compulsão alimentar sem os comportamentos purgativos que caracterizam a BN. Este transtorno é frequentemente observado em pacientes com sobrepeso ou obesidade e está associado a um aumento do risco de comorbidades metabólicas, como diabetes mellitus tipo 2 e hipertensão arterial, além de problemas psiquiátricos, incluindo transtornos do humor.4

As abordagens terapêuticas atuais para o manejo dos TAs incluem intervenções psicológicas, educação nutricional, farmacoterapia e, em casos graves, hospitalização para monitoramento clínico intensivo. A farmacoterapia, embora com eficácia limitada, geralmente envolve o uso de antidepressivos, ansiolíticos e antipsicóticos, que apresentam uma resposta terapêutica variável e um perfil de efeitos colaterais significativo.² Dada a complexidade do manejo dos TAs, a abordagem multimodal, combinando diferentes modalidades terapêuticas, tem se mostrado a mais eficaz. Recentemente, a adição de terapias baseadas em canabinoides tem emergido como uma área promissora de investigação, com potenciais benefícios na modulação do apetite e no manejo das comorbidades associadas aos TAs.

O Sistema Endocanabinoide nos Transtornos Alimentares

O  sistema endocanabinoide é uma rede complexa de receptores, substâncias endocanabinoides e enzimas que desempenham um papel fundamental na manutenção da homeostase corporal. Os dois principais receptores do SEC são o CB1 e o CB2, localizados em diversas regiões do corpo, incluindo o cérebro, o sistema nervoso periférico e os órgãos envolvidos no metabolismo energético. O receptor CB1 é predominantemente presente no sistema nervoso central e está diretamente envolvido na regulação do apetite e da ingestão de alimentos.

Para saber mais sobre o Sistema Endocanabinoide acesse: O que é o Sistema Endocanabinoide? (wecann.academy)

A alimentação é um comportamento complexo e fundamental para a sobrevivência, envolvendo uma sofisticada interação entre diversos órgãos e mecanismos, que coordenam sinais hedônicos, de estresse e de homeostase energética. No cérebro, diferentes regiões são responsáveis por controlar os componentes hedônicos e homeostáticos da alimentação. Entre essas, os circuitos neuronais mesolímbicos e hipotalâmicos são de particular relevância para a integração e processamento da ingestão alimentar. O sistema mesolímbico é um regulador central das características motivacionais e de recompensa associadas à alimentação, enquanto o hipotálamo desempenha um papel crucial no controle da ingestão de alimentos para garantir o equilíbrio energético adequado.5

O sistema endocanabinoide desempenha um papel essencial na regulação desses processos, sendo expresso em vários órgãos e tecidos que controlam o comportamento alimentar e a homeostase energética, como o trato gastrointestinal, fígado, pâncreas, tecido adiposo e músculos. No cérebro, o SEC modula a atividade dos núcleos hipotalâmicos e dos circuitos de recompensa, influenciando diretamente tanto os componentes homeostáticos quanto os componentes hedônicos da alimentação.5

Os endocanabinoides, particularmente, são liberados no hipotálamo em resposta à privação alimentar de curto prazo, regulando, por sua vez, os níveis e a atividade de outros mediadores como a leptina e a grelina. Além disso, essa liberação de endocanabinoides em centros neurais conectados ao sistema de recompensa mesolímbico aumenta a atividade dos circuitos de recompensa, reforçando a motivação e o valor de incentivo dos alimentos. Esse papel do SEC na regulação do estresse e na homeostase do humor destaca sua relevância como alvo terapêutico no manejo dos transtornos alimentares.5

A investigação genética e epigenética tem revelado variações nos genes que codificam o receptor CB1 e a enzima FAAH, responsável pela degradação da anandamida, associadas à incidência de transtornos alimentares. Por exemplo, estudos demonstraram que variantes específicas de CNR1 e FAAH estão significativamente correlacionadas com a ocorrência de anorexia nervosa (AN) e bulimia nervosa (BN), sugerindo um efeito sinérgico desses polimorfismos na etiopatogenia da AN.6

Alterações na densidade dos receptores CB1 também foram observadas no cérebro de pacientes com AN e BN.7 Esse aumento na densidade pode refletir um mecanismo compensatório para contrabalancear uma hipoatividade crônica do SEC, como evidenciado por estudos que mostram efeitos opostos da privação alimentar de curto prazo e da semi-inanição prolongada na regulação plasmática dos endocanabinoides.

Montclcones A.M. et. al mediram os níveis plasmáticos de endocanabinoides em pacientes com AN, comparando-os com controles saudáveis após a ingestão de alimentos favoritos e não favoritos, em condições sem necessidades homeostáticas. Em indivíduos saudáveis, os níveis de 2- araquidonoilglicerol (2-AG) diminuíram após a ingestão de ambos os tipos de alimentos, mas permaneceram elevados durante a alimentação hedônica. Já em pacientes com AN, os níveis de 2-AG mostraram um aumento similar na alimentação não hedônica, independentemente do estado de peso, indicando uma desregulação do SEC.8

No caso do transtorno de compulsão alimentar periódica, as alterações no SEC também desempenham um papel significativo. Em modelos animais, a administração de rimonabanto, um antagonista do receptor CB1, reduziu o comportamento de compulsão alimentar e resultou em perda de peso.Além disso, modelos experimentais de compulsão alimentar induzida por dieta demonstraram um tônus de funcionamento do sistema endocanabinoide alterado em áreas cerebrais associadas ao aspecto hedônico da alimentação.10  

Principais achados sobre alteração dos componentes do SEC em modelos animais e em pacientes com transtornos alimentares. Fonte: MONTAGNER, Patrícia; DE SALAS-QUIROGA, Adán. Tratado de Medicina Endocanabinoide.1. ed. WeCann Endocannabinoid Global Academy, 2023.
Principais achados sobre alteração dos componentes do SEC em modelos animais e em pacientes com transtornos alimentares. Fonte: MONTAGNER, Patrícia; DE SALAS-QUIROGA, Adán. Tratado de Medicina Endocanabinoide.1. ed. WeCann Endocannabinoid Global Academy, 2023.

 

No contexto dos transtornos alimentares, o sistema endocanabinoide  desempenha um papel crucial, dado seu impacto sobre o comportamento alimentar e a homeostase energética. Além disso, o SEC regula o humor, o estresse e os mecanismos de recompensa, fatores que frequentemente contribuem para o desenvolvimento e a manutenção dos transtornos alimentares. Disfunções no SEC têm sido associadas a diversas condições psiquiátricas, como depressão e ansiedade, que comumente coexistem com esses transtornos alimentares. A capacidade da cannabis de modular o SEC sugere, portanto, seu potencial terapêutico para pacientes com transtornos alimentares.

Evidências científicas 

As evidências clínicas sobre o uso de cannabis no tratamento de transtornos alimentares, embora ainda limitadas, apontam para resultados promissores. Um ensaio clínico randomizado e duplo-cego realizado na Dinamarca, com 24 mulheres que sofriam de anorexia nervosa (AN) grave e de longa duração, levou à publicação de três estudos distintos. Nesse ensaio, a administração oral de 2,5 mg de dronabinol, duas vezes ao dia, resultou em um ganho de peso modesto, mas estatisticamente significativo, de cerca de 1 kg ao longo das quatro semanas de intervenção, sem a ocorrência de eventos adversos graves.11

Em um estudo complementar, observou-se que o tratamento com dronabinol aumentou a intensidade da atividade física em 20%, influenciando os níveis de leptina circulante nas pacientes.12 Além disso, outro estudo derivado do mesmo ensaio revelou que o tratamento com dronabinol reduziu significativamente os níveis de cortisol urinário livre em mulheres com AN grave, embora os níveis plasmáticos de IGF-1 tenham permanecido inalterados.13 Esses achados sugerem que uma intervenção de curto prazo com doses baixas de dronabinol pode ter um impacto positivo em diversos aspectos da fisiopatologia da AN, incentivando a realização de novas pesquisas clínicas nessa área.

Recentemente, um estudo clínico conduzido por Avraham et al. (2017) em Israel investigou o impacto do THC sintético em mulheres jovens diagnosticadas com anorexia nervosa (AN), incluindo três casos do tipo purgativo/compulsivo. Nesse ensaio, foi administrada uma dose sublingual de THC sintético, começando com 1 mg/dia na primeira semana e aumentando para 2 mg/dia nas três semanas subsequentes. Embora essa intervenção não tenha gerado uma alteração significativa no índice de massa corporal (IMC) das participantes, elas relataram melhorias substanciais em aspectos psicológicos, como cuidados com o corpo, sensação de ineficácia, ascetismo e depressão. Esses resultados destacam o potencial dos canabinoides no tratamento dos sintomas psicológicos associados à AN.14

Um estudo da Universidade de Helsinque investigou como o CBD pode influenciar o mecanismo de recompensa-resposta em ratos, um aspecto crucial para entender comportamentos compulsivos. O estudo revelou que a administração sistêmica aguda de CBD reduziu a ingestão de uma dieta rica em energia, sugerindo que o CBD pode ajudar a controlar os desejos intensos que caracterizam o TCAP. No entanto, os autores enfatizaram a necessidade de mais pesquisas antes que conclusões definitivas possam ser feitas sobre o uso do CBD nesse contexto.15

Conclusão

A pesquisa sobre o uso da cannabis no tratamento de transtornos alimentares revela um panorama promissor, mas ainda necessita de mais investigações para solidificar seu papel terapêutico. A capacidade da cannabis de modular o sistema endocanabinoide, que influencia o apetite, a homeostase energética e o comportamento alimentar, oferece novas perspectivas para o manejo de condições complexas como anorexia nervosa, bulimia nervosa e transtorno de compulsão alimentar periódica. Os estudos clínicos iniciais, demonstram que a cannabis tem o potencial de melhorar aspectos físicos e psicológicos desses transtornos, como ganho de peso e controle dos desejos alimentares.

No entanto, é crucial que futuras pesquisas continuem a explorar e validar esses efeitos para determinar a eficácia e a segurança da cannabis como parte das estratégias terapêuticas para os transtornos alimentares, com o objetivo de oferecer melhores resultados para esses pacientes. Nesse contexto, a WeCann desempenha um papel fundamental ao partilhar informações científicas atualizadas e recursos tecnicamente qualificados para médicos, capacitando-os a incorporar a cannabis medicinal em sua prática clínica de maneira ética e responsável, visando o bem-estar e a qualidade de vida de pacientes portadores de transtornos graves, refratários e incapacitantes.

Referências 

  1. Arcelus, J, Mitchell, A. J., Wales, J. & Nielsen., S. Mortality Rates in Patients With Anorexia Nervosa and Other Eating Disorders: A Mcta-analysis of36 Studies. Adrch. Gen. Psychiatry 68, 724 (2011).
  2. MONTAGNER,Patrícia; DE SALAS-QUIROGA, Adán. Tratado de Medicina Endocanabinoide.1. ed. WeCann Endocannabinoid Global Academy, 2023.
  3. Nitsch A, Dlugosz H, Gibson D, Mehler PS. Medical complications of bulimia nervosa. Cleve Clin J Med. 2021 Jun 2;88(6):333-343. doi: 10.3949/ccjm.88a.20168. PMID: 34078617.
  4. BLOC, L. G.; NAZARETH, A. C.; MELO, A. K.; MOREIRA, V. Transtorno de Compulsão Alimentar: Revisão Sistemática da Literatura. Revista Psicologia e Saúde, [S. l.], v. 11, n. 1, p. 3–17, 2019. DOI: 10.20435/pssa.v11i1.617. Disponível em: https://pssaucdb.emnuvens.com.br/pssa/article/view/617. Acesso em: 21 ago. 2024.
  5. Pucci, M. et al. On the Role of Central Type-1 Cannabinoid Receptor Gene Regulation in Food Intake and Eating Behaviors. Int. J. Mol. Sci. 22,398 (2021).
  6. Monteleone, P. et al. Association of CNR1 and FAAH endocannabinoid gene polymorphisms with anorexia nervosa and bulimia nervosa: evidence for synergistic effects. Genes Brain Bebav, 8, 728-732 (2009).
  7. Gérard, N., Pieters, G., Goffin, K., Bormans, G. Van Laere, K. Brain Type 1 Cannabinoid Receptor Availability in Patients with Anorexia and Bulimia Nervosa. Biol. Psycbiatry 70, 777-784 (2011).
  8. Montclcones A.M.e.al Deramged cndocanmabinoid responses to hedonic cating in underweight and recently weight-restored patients with anorexia nervosa. Am._J. Clin. Nutr. 101,262-269 (2015). 
  9. 520. Chen, B. & Hu, N. Rimonabant improves metabolic Parameters partially attributed to restoration of high voltage-activated Ca2+ channels in skeletal muscle in HFD-fed mice. Braz.J. Med. Biol. Res.50,e6141 (2017). 
  10. Satta, V. et al. Limited Access to a High Fat Diet Alters Endocannabinoid Tone in Female Rats, Front. Neurosci. 12, 40 (2018).
  11. Andries, A., Frystyk, J., Flyvbjerg. A. & Stoving, R. K. Dronabinol in severe, enduring anorexia nervosa: A randomized controlled trial: DRONABINOL IN SEVERE, ENDURING ANOREXIA NERVOSA Int.J. Eat, Disord. 47, 18-23 (2014).
  12. Andries, Gram, B. & Stoving. K. Effect of dronabinol therapy on physical activity in anorexia nervosa: a randomised, controlled trial. Eat, Weight Disord.-Stud. Anorex. Bulim. Obes.20,13-21 (2015).
  13.  Andries, A., Frystyk, J, Flyvbjerg A. & Stoving, R.K. Changes in IGF-I, urinary free cortisol and adipokines during dronabinol therapy in anorexia nervosa: Results from a randomised, controlled trial. Growth Horm, IGF Res, 25, 247-252 (2015).
  14. Avraham,Y.,Latzer, Y., Hasid, D. & Berry, E. M.”The Impact of 49-THC on the Psychological Symptoms of Anorexia Nervosa: A Pilot Study. IsT. J. Psychiatry 54,44-51 (2017).
  15. HEISKANEN, Vilma. Cannabidiol reduces binge eating behavior in mice. 2021. Disponível em: http://urn.fi/URN:NBN:fi:hulib-202107093404. Acesso em: 22 ago. 2024.

 

Esse texto foi elaborado pelo time de experts da WeCann, baseado nas evidências científicas partilhadas nas referências e, amparado na ampla experiência prescritiva dos profissionais.

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