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Desde a regulamentação da Anvisa sobre procedimentos necessários para a comercialização de produtos à base de Cannabis no Brasil, em 2019, a importância da educação em Cannabis medicinal ganhou novos contornos em território nacional.
Apesar de o uso terapêutico desta planta já ser legalizado em mais de 40 países, apenas recentemente médicos brasileiros começaram a buscar uma formação especializada na área.
Nesta segunda década do século 21, o tema já soma mais de 20 mil artigos científicos publicados em todas as partes do mundo. Isso comprova a relevância de se aprofundar no assunto para fazer indicações assertivas e prescrições seguras e eficazes de derivados canabinoides.
É disso que trataremos neste post. Se você deseja incorporar a cannabis medicinal em seu arsenal terapêutico, continue a leitura e saiba como aprofundar seu aprendizado!
A fitoterapia e os produtos derivados de Cannabis
Medicamentos fitoterápicos são aqueles obtidos quando se utiliza apenas matérias-primas ativas de origem vegetal. Um exemplo são os produtos derivados de Cannabis fabricados com o extrato completo da planta, denominados full spectrum.
Já aqueles produtos que incluem substâncias ativas isoladas, não são considerados fitoterápicos. Nesses casos, se enquadram os fármacos elaborados com CBD ou THC isolados, denominados fitofármacos, e os canabinoides sintéticos, produzidos em laboratório.
Tanto os fitofármacos quanto os canabinoides sintéticos são compostos isolados, ou seja, de moléculas únicas. Os fitoterápicos, por sua vez, englobam moléculas associadas e, portanto, múltiplos e diversos mecanismos de ação quando comparados aos compostos isolados.
Podemos dizer então que, na categoria de produtos derivados de Cannabis, somente podem ser considerados fitoterápicos, os produtos à base de Cannabis full spectrum, ou seja, aqueles fabricados com o extrato completo da planta.
No entanto, por questões burocráticas decorrentes da proibição do cultivo da Cannabis no Brasil, a Anvisa não enquadra os produtos full spectrum dentro da fitoterapia. O cenário regulatório atual engloba fitofármacos, sintéticos e fitoterápicos em uma categoria única que ficou denominada como produtos derivados de Cannabis.
Fitoterápicos full spectrum versus fitofármacos e sintéticos
Como vimos no tópico anterior, a categoria denominada pela Anvisa como produtos derivados de Cannabis engloba todos esses medicamentos: full spectrum, fitofármacos e sintéticos.
Embora os canabinoides sintéticos e os fitofármacos sejam semelhantes, essas duas subcategorias se diferenciam bastante dos fitoterápicos full spectrum – os quais têm efeitos terapêuticos diferenciados em comparação aos demais.
Os resultados positivos do uso dos fitoterápicos full spectrum da Cannabis destacam-se em diversos contextos patológicos, a exemplo de transtornos neuropsiquiátricos (como Parkinson, Alzheimer e Autismo), dor crônica (incluindo fibromialgia) e transtornos do sono.
Comparativamente, a eficácia dos canabinoides isolados e sintéticos é limitada em relação aos produtos full spectrum. Outro ponto de atenção é quanto aos efeitos adversos dos medicamentos, que são significativamente menores quando se utiliza o extrato completo da planta.
>>> Sobre isso, leia o artigo Potential Clinical Benefits of CBD-Rich Cannabis Extracts Over Purified CBD in Treatment-Resistant Epilepsy: Observational Data Meta-analysis, dos autores Fabricio A Pamplona, Lorenzo Rolim da Silva, Ana Carolina Coan.
Um exemplo disso é que os canabinoides sintéticos como o dronabinol – que desde a década de 1980 vêm sendo utilizado para tratar náuseas e vômitos associados à quimioterapia – não teve grande penetração no mercado até hoje porque os pacientes pouco toleram os efeitos adversos desse perfil de medicação.
Por que escolher produtos full spectrum?
Os produtos full spectrum apresentam potencial terapêutico diferenciado porque exploram as propriedades medicinais de centenas de compostos químicos ao mesmo tempo. Isso significa que, além das potencialidades já conhecidas dos principais fitocanabinoides CBD e THC, essas formulações também incluem, diversos outros canabinoides e compostos não canabinoides como terpenos e flavonoides.
Juntos, todos esses compostos atuam em sinergia para potencializar os efeitos terapêuticos do medicamento e, ao mesmo tempo, modular possíveis efeitos adversos. A esse fenômeno, chamamos de efeito entourage ou efeito em comitiva. Na prática, prescrições de produtos full spectrum demonstram melhor perfil de segurança e eficácia, ou seja, menor dose terapêutica eficaz e menor incidência de efeitos colaterais.
Se você deseja incorporar os derivados canabinoides em seu arsenal terapêutico, saiba que a importância da educação em Cannabis medicinal vai muito além de estar por dentro das regulamentações da Anvisa. É preciso, sobretudo, conhecer em profundidade o Sistema Endocanabinoide, o perfil terapêutico dos principais canabinoides e terpenos e escolher produtos seguros e eficazes para fazer prescrições assertivas e assim, trazer melhores resultados aos seus pacientes.
O uso medicinal dos fitoterápicos derivados da Cannabis exige uma abordagem e treinamentos diferenciados. A WeCann Academy se compromete com sua jornada de aprendizado nesse conhecimento de potencial disruptivo e oferece a você uma Certificação Internacional em Medicina Endocanabinoide, amparada com a experiências de profissionais de várias partes do mundo, com ampla vivência prescritiva.
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Referências
Chayasirisobhon S. Cannabis and Neuropsychiatric Disorders: An Updated Review. Acta Neurol Taiwan. 2019.
Choi S, Huang BC, Gamaldo CE. Therapeutic Uses of Cannabis on Sleep Disorders and Related Conditions. J Clin Neurophysiol. 2020.
Romero-Sandoval EA, Fincham JE, Kolano AL, Sharpe BN, Alvarado-Vázquez PA. Cannabis for Chronic Pain: Challenges and Considerations. Pharmacotherapy. 2018.
