Conheça os possíveis efeitos colaterais do Canabidiol e como evitá-los

Publicado em 18/06/24 | Atualizado em 16/07/24 Leitura: 7 minutos

Canabidiol (CBD)

O canabidiol (CBD) é um composto extraído da cannabis que interage com os receptores do sistema endocanabinoide no corpo humano, presentes em todo o organismo, incluindo o cérebro, órgãos, tecidos e sistema imunológico. Diferentemente do THC (tetraidrocanabinol), o CBD não causa efeitos psicoativos marcantes, mas é associado a potenciais benefícios terapêuticos, como alívio da dor, redução da ansiedade, melhorias no sono e propriedades neuroprotetoras. No post de hoje, exploraremos os possíveis efeitos colaterais do CBD e estratégias para mitigá-los, visando proporcionar maior cuidado e bem-estar aos pacientes.

Por que usar canabidiol?

O uso do CBD na prática médica desperta interesse devido aos seus potenciais benefícios terapêuticos, especialmente em um cenário onde as opções terapêuticas convencionais apresentam limitações importantes e estão associadas a diversos efeitos colaterais. Um dos principais motivos para considerar o CBD é sua eficácia bem documentada no manejo da dor crônica. Pesquisas indicam que o CBD atua modulando receptores tanto no sistema nervoso central quanto periférico, influenciando a transmissão de sinais de dor e reduzindo a resposta inflamatória.¹ Esses mecanismos contribuem significativamente para proporcionar alívio substancial aos pacientes.

Além do mais, o CBD tem mostrado potencial no tratamento de transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e o transtorno do estresse pós-traumático (TEPT). Seus efeitos ansiolíticos são atribuídos à sua capacidade de interagir com os receptores de serotonina 5-HT1A no córtex pré-frontal e outras áreas do cérebro, modulando a neurotransmissão e contribuindo para a regulação do humor e do comportamento de resposta ao estresse.² Essa interação promove uma redução nos sintomas de ansiedade sem os efeitos colaterais sedativos e potencialmente aditivos observados em medicamentos como os benzodiazepínicos.

Outra área promissora de aplicação do CBD é no tratamento de distúrbios do sono, como a insônia. Estudos preliminares indicam que o CBD pode facilitar a indução do sono e melhorar a qualidade do sono através da regulação dos ciclos circadianos e da redução da ansiedade noturna. Ao atuar sobre os receptores canabinoides, o CBD ajuda a promover um equilíbrio no ciclo sono-vigília, além de reduzir os níveis de cortisol, hormônio do estresse, durante a noite.³ Esses efeitos combinados proporcionam aos pacientes um descanso mais profundo e reparador, resultando em uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.

Conheça os possíveis efeitos colaterais do CBD e como mitigá-los

O canabidiol  tem ganhado destaque na prática clínica como um composto derivado da cannabis com grande potencial terapêutico. No entanto, como qualquer substância ativa, é fundamental para os profissionais de saúde entenderem os possíveis efeitos colaterais do CBD para garantir um uso seguro e eficaz em seus pacientes.

Efeitos Colaterais do CBD

  • Tontura e Sedação: Alguns pacientes relatam episódios de tontura ou sedação, especialmente no início do tratamento e em doses mais elevadas.4 Apesar dessas reações adversas, esses efeitos podem ser gerenciados e utilizados estrategicamente no contexto terapêutico. Recomenda-se iniciar a terapia com doses baixas de CBD à noite, aumentando gradualmente conforme a tolerância do paciente e a resposta clínica. Além disso, a coadministração com outros agentes sedativos deve ser evitada sem a devida orientação. Essa abordagem cuidadosa permite maximizar os benefícios terapêuticos do CBD, garantindo um perfil de segurança adequado e minimizando os potenciais efeitos colaterais.
  • Fadiga: A ocorrência de fadiga é um efeito colateral frequentemente observado devido ao efeito relaxante do CBD sobre o sistema nervoso central.4 Para mitigar esse efeito, recomenda-se iniciar a administração do CBD preferencialmente à noite. Ajustes na dosagem (orientar uso de doses mais baixas) e no momento da administração (orientar uso junto com alimentação) são estratégias eficazes para balancear os efeitos sedativos, otimizando assim o uso terapêutico do CBD enquanto se minimiza o impacto na funcionalidade diurna dos pacientes.
  • Boca seca (xerostomia): A xerostomia associada ao CBD resulta da interação deste canabinoide com os receptores canabinoides presentes nas glândulas salivares, resultando na diminuição da produção de saliva. Esta condição pode ser mitigada por meio de estratégias como a manutenção de uma hidratação adequada, orientar misturar o óleo de CBD em um iogurte ou outro alimento caracteristicamente mais gorduroso, e o estímulo à salivação através do uso de chicletes sem açúcar ou outros produtos que promovam a produção salivar. É essencial monitorar de perto pacientes que relatam esse efeito colateral, ajustando a terapia conforme necessário para otimizar o conforto bucal e a adesão ao tratamento com CBD. 
  • Distúrbios Gastrointestinais: Embora menos frequentes, sintomas como náusea, dor abdominal, constipação intestinal e diarreia podem ocorrer em pacientes utilizando CBD.4 A administração do CBD após as refeições pode ser uma estratégia recomendada para mitigar esses efeitos adversos gastrointestinais. Além disso, é fundamental realizar uma titulação gradual da dose para minimizar a incidência desses sintomas, ajustando-a conforme a tolerância individual do paciente e a resposta clínica, e também checar qual o agente diluente está compondo o óleo de cannabis. Os pacientes costumam ter mais efeitos colaterais gastrointestinais quando é utilizado o óleo de milho, por exemplo, na diluição do óleo de CBD.

Quem deve evitar o CBD?

Embora geralmente considerado seguro para a maioria dos adultos, existem grupos que requerem precauções especiais ao considerar o uso de CBD, especialmente sem recomendação médica ou acompanhamento por um profissional médico qualificado:

  • Grávidas e lactantes: A segurança do CBD durante a gravidez e lactação ainda não foi estabelecida de maneira conclusiva devido à falta de estudos adequados. É essencial adotar uma abordagem cautelosa ao considerar derivados da cannabis nessas pacientes, garantindo que os benefícios potenciais realmente justifiquem os riscos potenciais para o feto e a mãe. Recomendamos reservar o uso de CBD apenas para situações onde outras opções terapêuticas mostraram-se inviáveis, e sempre com estratégias prescritivas que priorizama eficácia e minimizam riscos adversos.
  • Crianças: O mesmo princípio se aplica às crianças. Se o uso de CBD for indicado, ele deve ser rigorosamente monitorado devido à escassez de dados sobre seus efeitos a longo prazo no desenvolvimento infantil. Recomenda-se seu uso somente sob indicação e supervisão médica estrita, com avaliação contínua dos benefícios terapêuticos e dos possíveis efeitos adversos.

Conclusão: 

Os médicos desempenham um papel fundamental na gestão dos potenciais efeitos adversos do CBD, por isso devem estar cientes dos efeitos colaterais associados a esses medicamentos, como tontura, sedação, fadiga, xerostomia e distúrbios gastrointestinais, e compreender estratégias eficazes para mitigá-los. Uma abordagem cuidadosa envolve iniciar o tratamento com doses conservadoras e ajustar progressivamente conforme a resposta individual de cada paciente. A WeCann é uma empresa de educação exclusiva para médicos referência internacional na área. Nesse sentido, oferecemos recursos e informações tecnicamente adequadas e atualizadas sobre o uso terapêutico do CBD, auxiliando os médicos no processo de tomada de decisão clínica e na implementação de uma terapia personalizada e segura para seus pacientes.

Referências: 

  1. NUTT, D. J. et al. A Multicriteria Decision Analysis Comparing Pharmacotherapy for Chronic Neuropathic Pain, Including Cannabinoids and Cannabis-Based Medical Products. *Cannabis and Cannabinoid Research*, [S.l.], v. 6, n. 2, p. 153-167, 2021. DOI: 10.1089/can.2020.0129.
  2. Papagianni, E. P., & Stevenson, C. W. (2019). Cannabinoid Regulation of Fear and Anxiety: an Update. *Curr Psychiatry Rep*, 21(6), 38. DOI: 10.1007/s11920-019-1026-z.
  3. Babson, K. A., Sottile, J., & Morabito, D. (2017). Cannabis, Cannabinoids, and Sleep: a Review of the Literature. Current Psychiatry Reports, 19(4), 23. https://doi.org/10.1007/s11920-017-0775-9
  4. Huestis MA, Solimini R, Pichini S, Pacifici R, Carlier J, Busardò FP. Cannabidiol Adverse Effects and Toxicity. Curr Neuropharmacol. 2019;17(10):974-989. doi: 10.2174/1570159X17666190603171901. PMID: 31161980; PMCID: PMC7052834.
Esse texto foi elaborado pelo time de experts da WeCann, baseado nas evidências científicas partilhadas nas referências e, amparado na ampla experiência prescritiva dos profissionais.

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