A alopécia é uma doença caracterizada pela queda excessiva de cabelo em determinadas áreas do couro cabeludo. Entre suas principais causas estão as infecções por fungos, o uso de medicamentos, as reações hormonais (decorrentes do climatério, por exemplo) e a existência de outras doenças, síndrome plurimetabólica, anemia, disfunções da tireoide, estresse crônico e ansiedade, e doenças autoimunes como lúpus e artrite reumatóide.
As descobertas em torno do Sistema Endocanabinoide sugerem os mecanismos de ação dos fitocanabinoides na pele, configurando essas substâncias como agentes potenciais no controle da alopécia – seja em relação ao crescimento de cabelo em si, seja no tratamento de outros sintomas frequentemente associados a essa condição, como ansiedade, depressão e transtornos do sono.
Neste conteúdo, falaremos do que já se sabe cientificamente a esse respeito, trazendo evidências sobre os mecanismos de atuação do canabidiol (CBD) para alopécia e os principais resultados deste agente terapêutico.
Tipos de alopécia
Existem diversos tipos de alopécia, sendo que muitos deles estão relacionados a outras doenças, como no caso da alopécia aerata, que geralmente está associada a fatores autoimunes. A alopécia também pode estar associada a fatores emocionais, como uma situação de estresse pontual, como o período pós-parto.
Há ainda a alopécia androgenética causada por fatores genéticos associados às concentrações séricas de testosterona – ocorre mais frequentemente em homens e em mulheres na fase da menopausa. Em alguns casos, como na alopécia aerata, os fios não voltam a crescer naturalmente, sendo necessárias intervenções dermatológicas para estimular o crescimento.
Este artigo investigou a frequência de diferentes tipos de alopécia com base em uma análise feita em clínicas especializadas em cabelos. Foram avaliados um total de 2.835 pacientes (72,7% mulheres e 27,3% homens). Os resultados mostraram que, dos 57 tipos de alopécia identificados, o mais frequente é a alopécia androgenética (37,7%), seguido da alopécia areata (18,2%).
>> Leia o estudo completo em: Frequency of the Types of Alopecia at Twenty-Two Specialist Hair Clinics: A Multicenter Study.
Uso de Cannabis para os distúrbios da pele
Ao contrário da alopécia caracterizada por fatores emocionais ou dermatites, a alopécia aerata é mais difícil de tratar, já que os fios não voltam a crescer naturalmente. A Cannabis medicinal surge como uma alternativa interessante nesse contexto, tendo em vista os mecanismos de atuação do Sistema Endocanabinoide (SEC) na pele. Falaremos melhor disso a seguir.
O Sistema Endocanabinoide na pele
A descoberta científica do SEC ao longo do século XX trouxe uma série de evidências que nos ajudam a compreender o potencial terapêutico da Cannabis na regulação de diversos processos fisiológicos e patológicos no corpo humano. Os endocanabinoides e seus receptores estão presentes em todo o organismo, inclusive, estão amplamente presentes no sistema tegumentar.
Não à toa, estudos sugerem que um desequilíbrio do SEC esteja associado a diferentes distúrbios dermatológicos como dermatite atópica, psoríase, esclerodermia e câncer de pele.
Isso significa que os fitocanabinoides e seus análogos biológicos conseguem interagir com as células da pele, podendo ser explorados s no combate a várias doenças dermatológicas, como acne, psoríase, prurido, dermatite e alopécia. É o que sugere este estudo que evidencia como os fitocanabinoidessão capazes de modular uma complexa rede regulatória no SEC, através dos receptores endocanabinoides clássicos (CB1 e CB2), receptores de potenciais transitórios (TRPs) e receptores peroxisômicos ativados por proliferadores (PPARs).
Em outras palavras, como concluem mais autores, a manipulação direcionada do SEC visando normalizar o crescimento de algumas células da pele, a produção de sebo e a modulação de processos inflamatórios da pele), pode ser benéfica em uma infinidade de doenças de pele.
>> Leia os estudos completo: The endocannabinoid system of the skin. A potential approach for the treatment of skin disorders e The endocannabinoid system of the skin in health and disease: novel perspectives and therapeutic opportunities
Potencial terapêutico do canabidiol (CBD) no manejo da alopécia aerata
O canabidiol (CBD) é um dos fitocanabinoides atualmente mais explorados devido às suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias associadas, a um extenso perfil de segurança.
As evidências científicas em relação ao uso do CBD como adjuvante terapêutico da alopécia ainda são preliminares, mas já está claro que esse canabinoide apresenta resultados promissores no controle dos sintomas adjacentes e frequentes à doença, como estresse, ansiedade e depressão.
É o que mostra este estudo, realizado entre março de 2021 e março de 2022, com 1.087 pacientes portadores de alopécia aerata. Os participantes, em sua maioria mulheres (83,3%), responderam uma pesquisa sobre as interações da Cannabis com a doença.
Os pacientes relataram uma melhora significativa nos sintomas de estresse (73,1%), ansiedade, tristeza e depressão (65,6%). No entanto, quanto à queda de cabelo, 80,4% dos participantes indicaram que não houve impacto significativo do CBD nesse quesito.
Ou seja, apesar de este estudo não ter evidenciado melhora no crescimento capilar, os resultados sugerem o potencial da Cannabis para aliviar os sintomas psicossociais relacionados à alopécia aerata.
>> Leia a pesquisa completa em: Cannabis Use among Patients with Alopecia Areata: A Cross-Sectional Survey Study.
Caso de crescimento capilar com canabidiol tópico (CBD)
Pela maior facilidade de interação com o sistema endocanabinoide do sistema tegumentar, o uso tópico de CBD sinaliza ser mais eficiente para o manejo dos transtornos de pele, como foi investigado nesta pesquisa, que correlaciona o uso tópico da substância à função do folículo piloso.
O estudo mostrou que a aplicação tópica do CBD atinge facilmente os folículos capilares, resultando no alongamento da haste capilar, especialmente quando utilizado em doses mais elevadas.
A pesquisa avaliou 35 pacientes (28 homens e 7 mulheres) portadores de alopécia androgenética. Esses pacientes utilizaram uma formulação tópica de CBD (média de 3-4 mg/dia) durante seis meses.
Para validar o experimento, foi realizada uma contagem de cabelo da área mais afetada pela alopécia antes do início do tratamento. Para tanto, utilizou-se um molde de acrílico transparente, contendo um recorte de 1 cm², confeccionado da cabeça de cada indivíduo.
Os resultados mostraram que o uso do CBD nos homens trouxe efeitos ligeiramente superiores do que nas mulheres, no entanto, todos os pacientes apresentaram algum grau de crescimento capilar. Em média, após seis meses de tratamento, houve um aumento capilar estatisticamente significativo de 93,5% na área avaliada.
Não foram relatados efeitos adversos de uso da substância. As conclusões, portanto, sugerem que, embora não se conheça com exatidão o mecanismo de ação dos canabinoides no sistema tegumentar, o CBD vem se mostrando como um agente em potencial no controle da alopécia, em especial, por apresentar um ótimo perfil de segurança.
O estudo sugere ainda que a combinação do CBD tópico com as medicações convencionais para alopécia – como finasterida e minoxidil – também podem apresentar um efeito sinérgico interessante. Entretanto, a relação risco-benefício dessa combinação ainda precisa ser melhor avaliada cientificamente.
>> Veja o experimento completo em: Case Study of Hair Regrowth with Topical Cannabidiol (CBD).
Além de estarem atentos às evidências científicas, os médicos que desejam incorporar o CBD para o manejo da alopécia e outros transtornos dermatológicos devem contar com formação especializada em Medicina Endocanabinoide, a fim de potencializar os resultados terapêuticos e modular possíveis efeitos adversos nos tratamentos.
A WeCann Academy é comprometida com a sua jornada de aprendizado através da Certificação Internacional em Medicina Endocanabinoide. Proporcionamos conhecimento disruptivo aos médicos que desejam incorporar os derivados canabinoides em sua prática prescritiva e alcançar melhores resultados com seus pacientes.
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Referências
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